publicado a: 2017-11-22

Ovelhas conseguem reconhecer rostos humanos

Se está a pensar em cometer algum crime agrícola, é melhor pensar novamente. Acontece que as ovelhas podem escolher um humano numa identificação policial, especialmente com um pouco de treino.

Isso, de acordo com um estudo divertido, mas importante, da Universidade britânica de Cambridge, em que ovelhas conseguiram reconhecer as fotos de Barack Obama, Jake Gyllenhaal e Emma Watson, entre outras.

No estudo, “Ovelhas reconhecem rostos humanos familiares e desconhecidos a partir de imagens bidimensionais" (com o título original: “Sheep recognize familiar and unfamiliar human faces from two-dimensional images”), publicado recentemente na revista Royal Society: Open Science, oito ovelhas foram treinadas para reconhecer fotografias de celebridades exibidas em ecrãs de computador. As ovelhas rapidamente aprenderam que receberiam uma recompensa alimentar pela escolha da foto da celebridade, atravessando um raio infravermelho perto da imagem. Se elas escolherem incorretamente, soa uma campainha e não recebem a guloseima.

As ovelhas conseguiram rapidamente identificar a celebridade em vez de um rosto um tanto semelhante (não famoso), oito em cada dez vezes. Além disso, elas também conseguem reconhecer a celebridade de um determinado ângulo, algo que apenas havia sido visto nos seres humanos, com apenas um pouco menos de sucesso - elas apenas tiveram uma queda de precisão de 15%, o que é bastante parecido com a forma como as pessoas realizam um teste semelhante. As ovelhas ainda melhoram ao reconhecer seus cuidadores a partir de fotografias - elas conseguem fazê-lo sem treinar, sete em cada dez vezes.

Embora este estudo possa parecer um pouco tolo, tem implicações muito importantes para os seres humanos. De acordo com Jenny Morton, professora do departamento de Fisiologia, Desenvolvimento e Neurociências de Cambridge, que liderou o estudo, as ovelhas domesticadas têm períodos de vida relativamente longos - mais de 12 anos - e têm cérebros semelhantes a alguns macacos, em tamanho e complexidade, tornando-os bons animais modelos para estudar distúrbios neuro-degenerativos, como Parkinson e Huntington, que afetam os seres humanos. Mas os investigadores precisam primeiro entender mais sobre como os seus cérebros funcionam, incluindo a tarefa de processar rostos.

"Nós mostrámos com o nosso estudo que as ovelhas têm habilidades avançadas de reconhecimento facial, comparáveis com as de humanos e macacos", diz Morten num comunicado de imprensa da Universidade de Cambridge.

A doença de Huntington, uma desordem hereditária que causa a degradação progressiva das células nervosas no cérebro e não tem cura conhecida, é de particular interesse para esses investigadores. Eles começaram a estudar ovelhas que carregam a mutação do gene que causa a doença de Huntington na esperança de entender melhor como os cérebros humanos, que sofrem do transtorno, perdem a sua capacidade cognitiva - inclusive ser capaz de reconhecer os rostos - ao longo do tempo.

Veja o vídeo da Universidade de Cambridge que mostra o estudo em ação.


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