publicado a: 2018-01-17

Vamos falar de nutrição: janeiro 2018

Ano novo, os mesmos problemas, como vamos fazer a fertilização das culturas num ano que para mim vai ser muito complicado. Quais as previsões de chuva? Qual a disponibilidade de água na exploração? Quais as parcelas a preterir? Quais as culturas a escolher?

Neste momento eu já decidi o que fazer na minha exploração, se ocorrerem as piores previsões de precipitação. As parcelas mais dispendiosas em rega vão levar menos água para tentar controlar os custos e não perder tudo. Mas é um risco que estou disposto a correr no último momento para conseguir manter a minha rentabilidade. Mas até ao momento crucial vou fazer tudo como se fosse um ano normal, porque nunca sabemos quando chove. Pode chover pouco, mas nas alturas certas e se não tivermos todos os trabalhos feitos, podemos ter perdas por outros motivos.

Para mim a nutrição é o mais importante, porque se tiver uma planta equilibrada vou ter uma planta que suporta melhor as situações de stress. As correções de último momento serão sempre mais fáceis de fazer e com menores custos e perdas de produção. Menos doenças e ataques de pragas, parece utopia, mas uma planta é como nós – saudáveis suportamos melhor.

No que diz respeito a fertilização - quem a efetuou em finais de 2016 inícios de 2017 - ela vai estar disponível no início deste ano para as plantações perenes, devido ao facto da precipitação ter sido muito baixa na primavera passada.

Uma parte das aplicações feitas nos últimos meses será disponibilizada este ano se tivermos 500 mm de precipitação até ao inicio de maio, mas tudo vai depender da temperatura. Quem faz morango e culturas com plástico sabe que quando aplicamos adubo, as temperaturas são baixas e não chove, o efeito do adubo não se visualiza. Mas se tivermos uma primavera com precipitação e temperatura amena o adubo vai ser disponibilizado e absorvido pelas plantas.

Agora vamos a números. Quem tem um pouco de curiosidade já deve ter tido acesso a alguns livros sobre este tema. Um dos indispensáveis é a bíblia da nutrição em Portugal (J. Quelhas dos Santos) - a minha é de 1991, já deve estar desatualizada. Nos últimos anos o Ministério da Agricultura também efetuou algumas publicações. Todas as empresas de adubos também têm bons dados sobre este tema.

O problema quando pesquisamos na Internet é que os resultados que surgem são brasileiros. Os portugueses não são muito de publicar dados e de discussões (eu digo sempre, podemos ouvir muitas opiniões, todas são importantes, temos é de tirar aquilo que podemos testar e ter resultados para nós). É a nossa forma de sermos - reservados. Perdemos todos. Devíamos trabalhar em conjunto.

Devemos mudar um pouco a nossa mentalidade, quando temos uma boa produção somos os maiores (na nossa casa), mas no ano seguinte isso não acontece. Não descobrimos a pólvora. Isso não acontece porque fomos os mais espertos naquele ano, mas devido ao trabalho dos dois últimos anos nas culturas perenes, dos últimos meses nas outras e do que o S. Pedro nos dá.

Os dados que vou apresentar são indicativos e com base em diversas fontes de informação. É a minha forma de interpretar tudo o que consultei até hoje e que muda todos os anos porque nunca consigo atingir o objetivo ideal (ganhar muito e gastar pouco).

(1) - Extração da fruta para 40 T/há
(2) - Existem publicações que possuem dados diferentes para limão, laranja, clementina
+ - sensibilidade mediana á carência
* - sensibilidade alta á carência

Atenção, estes são dados indicativos, não são a solução ideal. O que faço normalmente com novas culturas e produtores em que não tenho historial é tentar reunir o máximo de informação e, no ano seguinte, alterar 1 ou 2 nutrientes e brincar muito com os micros. Tentem fazer um registo para a própria exploração, porque nem sempre temos tão boa memória como achamos. É engraçado consultar o que se passou nos últimos anos.

Os registos ajudam muito, mas o agricultor tende a destetar papéis. Mas eles podem ajudar a ter lucro ou não, as margens são pequenas e não podemos errar. Já encontrei pessoas que fazem todos os anos o mesmo e podem estar a repetir o mesmo erro. Os anos são todos diferentes e por isso é necessário “jogo de cintura”.

Nós não controlamos nada: um golpe de calor, uma chuvada na floração ou à plantação pode ditar um ano e uma cultura…

Atenção aos adubos com Enxofre para solos calcários são os ideais para ajudar um bocadinho o pH.

Hoje há um fator de produção que está a voltar a assumir uma importância muito grande em determinadas explorações que já tentaram tudo – M.O.

Isto é um artigo de opinião para fomentar a discussão sobre todos os pontos de vistas. Como já disse noutro artigo faço isto por divertimento, porque já “brinquei” tanto com adubos e tive bons e maus resultados. Por exemplo: Ameixa (rainha cláudia) de 15 ton/ha com 30% refugo para 25 ton/ha com 10% de refugo. No ano seguinte já não foi assim, mas descobri qual o motivo, após acesa discussão com o dono, técnico e tratorista da exploração, fora outros colegas e produtores. Foi com diferentes opiniões e perspetivas que cheguei à solução do problema. É isto que dá sabor à vida.

Como habitualmente, fico disponível para responder às vossas questões. Utilizem a caixa de comentários abaixo ou o meu email.

Boas produções!

Nuno Francisco
nvf1017@gmail.com

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