publicado a: 2017-03-27

Cancros e “dieback” em sarmentos e cachos de videira associados a Lasiodiplodia theobromae

Sintomas causados por Lasiodiplodia theobromae em sarmentos e cachos

Entre outras espécies de fungos causadoras de botriosferioses em videira, a espécie Lasiodiplodia theobromae foi descrita como típica de regiões tropicais e subtropicais, onde causa graves estragos em numerosas espécies vegetais cultivadas (videira, fruteiras, espécies florestais). Ao longo da última década, porém, e muito provavelmente em consequência da ocorrência de alterações climáticas, têm vindo a aumentar os registos desta espécie em regiões com clima temperado.

Em 2010, a doença foi assinalada em Portugal, em diversas regiões vitícolas nomeadamente na Estremadura, no Alentejo e no Algarve em castas de vinho e uva de mesa. As videiras apresentavam cancros (necroses em depressão) nos pâmpanos e cachos (Fig. 1). Ocorria um atraso no estado fenológico e o abrolhamento era irregular, podendo mesmo não ocorrer ao longo de todo o ramo. As folhas apresentavam dimensões reduzidas e surgiam cloróticas nas margens. Os ramos apresentavam um crescimento raquítico e os entrenós apareciam curtos. Em cortes transversais observavam-se necroses por vezes sectoriais e pontuações acastanhadas. Nalgumas plantas ocorria desnoca ou apoplexia dos ramos. As videiras doentes apresentavam uma sintomatologia semelhante ao “dieback” (definhamento), associada à presença de cancros.

Lasiodiplodia theobromae.png

Figura 1. Sintomas causados por Lasiodiplodia theobromae em sarmentos e cachos: a) necroses e estrias negras nos ramos; b) cancros e dieback dos ramos; c) desnoca dos ramos; d) necroses marginais nas folhas.

Nos últimos anos, a doença tem vindo a manifestar-se de forma crescente causando estragos durante a floração o que conduz a elevados prejuízos. Destacam-se, por exemplo, os sintomas que têm surgido na casta Caladoc nas regiões de Lisboa, Vale do Tejo. Os sintomas podem eventualmente ser confundidos com os de outras doenças que surgem nesta fase do ciclo vegetativo da videira pelo que se aconselha a análise microbiológica do material em laboratório.

Quanto ao controle, não existem estudos de eficácia biológica de fungicidas específicos relativamente a esta botriosferiose. Assim sendo, recomenda-se a adopção dos meios de luta disponíveis para botriosferioses, nomeadamente, os meios de luta culturais, comuns a outras doenças do lenho e os meios de luta químicos recomendados para as doenças de género específico.

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