publicado a: 2015-05-08

Alertas sobre vespa do castanheiro em Trás-os-Montes e Alto Douro

Trinta municípios da região de Trás-os-Montes e Alto Douro acolhem esta semana acções de sensibilização contra a vespa do castanheiro e de alerta aos produtores para a detecção, durante este mês, dos focos de infecção.

«Este mês é crucial e tencionamos apertar rigorosamente essa fiscalização aos soutos durante este período», afirmou à agência Lusa o presidente da Câmara de Valpaços, Amílcar Almeida.

Depois de, em Maio do ano passado, ter sido detectado o primeiro foco da vespa do castanheiro em Portugal, na região de Barcelos, foi agora confirmado o primeiro caso desta praga em Trás-os-Montes, em Carrazedo de Montenegro, concelho de Valpaços.

Devido à importância que a produção de castanha representa para a economia transmontana, está a assistir-se a uma grande mobilização na luta contra a vespa que, à semelhança do que já aconteceu em outros países europeus, pode eliminar 70 por cento da produção nos próximos anos.

«A produção de castanha só no concelho de Valpaços representa cerca de 50 por cento de toda a produção da região de Trás-os-Montes. Em volume de negócios representa cerca de 30 a 40 milhões de euros por ano, para além da importância em termos de empregabilidade», salientou.

Sublinhou ainda que esta produção é o sustento de todas as populações da parte fria do concelho. No decorrer desta semana serão realizadas 30 sessões de sensibilização, uma por concelho, numa organização conjunta entre os municípios transmontanos e durienses, a Refcast, e a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAPN).

Em Valpaços já decorreu uma acção de sensibilização e estão agora, segundo o autarca, a ser constituídas brigadas que irão percorrer «todos os soutos» para, pelo menos, «minimizar o efeito da vespa do castanheiro».

Estas brigadas serão criadas com o apoio das juntas de freguesia e constituídas por «duas a três pessoas», acompanhadas por membros das assembleias de freguesia, no sentido de «garantir que todo o trabalho é bem feito».

O objectivo é fazer a vistoria e retirar o material contaminado dos castanheiros, impedindo a propagação da praga. Os custos serão assumidos pelo município.

Estão também a ser contactados os produtores que residem no estrangeiro e só regressam à terra na altura da campanha, para que estes autorizem a entrada nos respectivos soutos.

«Queremos ainda esta semana começar a fazer este trabalho em grande escala, ajudando principalmente quem não o pode fazer, os agricultores mais idosos e os que residem no estrangeiro», frisou Amílcar Almeida.

Os alertas estão a ser principalmente direccionados para os produtores que plantaram castanheiros durante o último Inverno e as plantas tenham tido origem foram de Trás-os-Montes ou não se sabe a sua origem.

É que os focos desta praga foram detetados em novas plantações, feitas com castanheiros híbridos importados e sem os passaportes fitossanitários.

O presidente da Refcast, José Gomes Laranjo, já alertou para a «janela de oportunidade» que está aberta durante o mês de maio e explicou que durante este período será possível ver «os castanheiros infestados, mas a praga ainda não saiu do castanheiro para ir contaminar as árvores adultas que estão a dar fruto».

Esta vespa aloja os seus ovos nos gomos dos castanheiros. Só quando estes formam novos ramos é que se percebem as deformações e inchaços nas folhas. Depois de infectados, os ramos não conseguem dar mais fruto.

Os produtores têm até ao final do mês de Maio para fazer as inspecções semanais aos seus castanheiros e, se forem detectadas galhas infestadas, deverão retirá-las, metê-las num saco e queimá-las.


Fonte: Lusa via Confagri

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