publicado a: 2015-04-21

Jornadas sobre calibração de pulverizadores

A Syngenta trouxe a Portugal uma equipa de investigadores da Universidade Politécnica da Catalunha que sensibilizou os agricultores portugueses para adaptar o volume ótimo de calda a aplicar consoante a vegetação das culturas, alertando também para as Boas Práticas na pulverização e calibração de pulverizadores.

As Jornadas de Calibração realizaram-se na Escola de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Ponte de Lima, a 18 de Março, e na Escola Profissional do Montijo, a 16 de Abril, reunindo várias dezenas de técnicos e agricultores.

A equipa da Unidade de Mecanização Agrária (UMA) da Universidade Politécnica da Catalunha, veio a Portugal pelo segundo ano consecutivo, no seguimento de um protocolo de cooperação com a Syngenta, para partilhar os seus conhecimentos sobre aplicação de produtos fitofarmacêuticos e calibração de pulverizadores.

As Jornadas constaram de uma parte teórica, subordinada às Boas Práticas Agrícolas ligadas à pulverização, tipo de bicos e tamanho de gota, procedimentos de regulação e ajuste de equipamentos de aplicação. Seguiu-se uma parte prática em campo, onde foi calibrado um pulverizador hidráulico de barras e um atomizador, e aplicada a calda com os dois equipamentos. Usando papel hidrosensivel foi possível observar a diferença da pulverização obtida com bicos convencionais, bicos anti-deriva e bicos de duplo jato e concluiu-se que em muitas situações a percentagem de cobertura não difere muito aplicando metade do volume de calda.

«O erro mais frequente em muitas explorações agrícolas é o facto de desconhecerem os parâmetros básicos de regulação do equipamento – caudal dos bicos, pressão e velocidade de trabalho. Sem conhecer estes parâmetros é impossível ajustar a priori o volume de calda antes de iniciar a aplicação», afirma Jordi Llorens Calveras, um dos investigadores da UMA que esteve em Portugal.

«O mau funcionamento dos equipamentos de aplicação – falta de manómetros ou manómetros não adequados, bicos em mau estado ou fugas no sistema hidráulico - tem consequências, entre elas a ineficácia dos produtos aplicados ou mesmo a fitotoxicidade e queimaduras nas folhas das plantas», acrescenta o formador espanhol. Na escolha dos bicos é fundamental ter em conta o tipo de equipamento de aplicação, a pressão de trabalho, o tamanho da gota, a situação meteorológica (vento, temperatura, humidade) e o tipo de praga ou doença que se pretende controlar.

A equipa de Jordi Llorens Calveras dedica-se ao estudo de novas tecnologias de ajuste e regulação da quantidade de calda a aplicar mediante as características da vegetação da cultura, facultando aos agricultores ferramentas que facilitam o cálculo do volume ótimo a aplicar (l/ha). Outra das preocupações da equipa da UMA é a redução da deriva da calda. A UMA é o coordenador para Espanha do projeto europeu TOPPS-Prowadis, dedicado às Boas Práticas Agrícolas para proteção da água.


Formação é essencial às Boas Práticas

Francisco Dias, técnico da Cooperativa Agrícola de Montemor-o-Velho, também ele formador na área da aplicação de produtos fitofarmacêuticos, considera que as Jornadas de Calibração «foram importantes para reciclar e recordar conhecimentos» e destaca a oportunidade que teve de contactar com o Heliosec, sistema da Syngenta para tratamento de restos de caldas por desidratação natural, instalado na Escola de Ponte de Lima, onde existe um Centro de Experimentação Syngenta.

No Vale do Mondego, região onde predomina o milho, o arroz e os hortícolas para indústria, os pulverizadores de barras horizontais com até 14 metros são os mais utilizados. «Tentamos sensibilizar os agricultores para a medição do débito dos bicos ao longo da barra, pois é fundamental que o débito seja uniforme para uma distribuição homogénea da calda. Por outro lado, a velocidade de avanço do trator deve ser constante», explica Francisco Dias, reconhecendo que a formação tem contribuído para mudar práticas: «damos formação há 10 anos e aqui na região todos os agricultores ou compraram novos pulverizadores ou mudaram os bicos de standard para anti-deriva».

Rui Pereira Afonso, produtor de 120 hectares de batatas, cenouras, cebolas e tomate para indústria da região do Montijo, considera que «a iniciativa da Syngenta foi muito boa, pois cada vez é necessário maior rigor na aplicação dos produtos fitofarmacêuticos, pelo que a formação dos agricultores é essencial». Este horticultor destaca a utilidade da componente prática das Jornadas, que permitiu testemunhar in loco a medição exata da pulverização e a influência do tipo de bicos no debito da pulverização.

João Machado, técnico da Primohorta, Organização de Produtores do Montijo, sublinha também a importância da componente prática da formação: «gostei muito das Jornadas de Calibração, focaram aspetos técnicos que nem sempre são fáceis de constatar, como por exemplo a questão da deriva e do tamanho da gota, e o impacto que podem ter na menor ou maior eficácia dos produtos».

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