Vamos falar de nutrição: perguntas e respostas III
Depois do artigo sobre nutrição, da autoria do Nuno Francisco, recebemos algumas questões, que vamos ver respondidas pelo autor.
Pergunta:
Gostaria de saber a sua opinião sobre induzir a queda da folha das fruteiras, ou deixar cair naturalmente?
Resposta:
As opções são as duas válidas e ambas tem bons argumentos a defendê-las.
A minha opinião é de que devemos sempre trabalhar por antecipação.
No meu pomar não faço nada desde 20 de julho. Não voltei a entrar com o pulverizador a fazer o quer que seja e não o vou fazer.
Quando falo em antecipação refiro-me à fisiologia da planta (quando é que a raiz começa a trabalhar, quando pára, quando se dá a diferenciação dos gomos), para tudo isto a planta precisa de ter comida e de ser ajudada quando precisa na altura certa.
A razão pela qual não faço nada em primeiro lugar é pelo custo, de cada vez que faço uma pulveriza gasto 70Lt gasóleo (a 0,7€ são 50€), é pouco mas para mim tudo conta, em 2017 gastei menos 2000 lt de gasóleo agrícola do que em 2015.
Deste modo cada vez que faço uma pulveriza faço uma adubação foliar e comparado com 2015 estou a aplicar um terço da quantidade.
É por isso que nos últimos dois anos as quebras foram de 10% e este ano tive uma aumento de 40%.
Respondendo diretamente: se a folha cair naturalmente vai mudar de cor e os nutrientes que esta tem vão voltar para a lenha e ficar disponíveis para os gomos, que é o que vai trabalhar em primeiro lugar no próximo ano.
Se provocarmos a queda, o que vamos fazer é queimar as folhas e estas não vão transportar os nutrientes para a lenha. Estes vão ficar no solo (nada se perde, nada se ganha tudo se transforma), mas vai voltar a ter um custo para a planta no próximo ano.
Para mim seria o mesmo que ter um cozido á portuguesa na mesa à nossa frente e ele ser tirado sem termos ordem de comer, mas tínhamos de ir para a horta cultivar e criar os animais.
Contudo se tiver problemas de outra espécie no pomar já se justifica, (fitossanitários) ou se quiser começar a podar (não precisa de queimar toda a área, vá por fases).
Bom, como disse no inicio existe argumentos para as duas situações. Por mais opiniões que oiça a decisão é sempre do agricultor.
Nuno Francisco