Produção de vinho - campanha 2014/2015
Estima-se que a produção de vinho na campanha 2014/2015 atinja um volume de 5,9 milhões de hectolitros, o que se traduz numa diminuição de 5,7% relativamente à campanha 2013/2014.
O decréscimo global de produção, em relação à campanha anterior, é sustentado pela maioria das regiões vitivinícolas, à exceção das regiões da Península de Setúbal, dos Açores, do Algarve e das Terras de Cister com aumentos entre 10 e 20%, e no Alentejo onde não se prevê variação.
A previsão de quebra de produção mais acentuada regista-se na região das Terras do Dão com uma estimativa de menos 25% face à campanha anterior.
Evolução da produção de vinho por (milhares de hectolitros)
Análise das previsões de produção por região face à campanha 2013/2014
Na região do Minho, é esperada uma quebra de produção de 10%. Na fase da floração o tempo frio e chuvoso originou desavinho e bagoinha à fecundação. A queda de granizo nalguns concelhos do interior, a presença de flavescência dourada em algumas zonas (nomeadamente Ponte de Lima e Amares), míldio ao nível do cacho, oídio e alguma podridão, são fatores que contribuem para esta previsão.
Na região de Trás-os-Montes, a previsão é de uma quebra de 15%, devido às condições climatéricas desfavoráveis no período da floração, nomeadamente geadas, que causaram problemas de vingamento, com aparecimento de bagoinha. A chuva ocorrida nos últimos dias, associada a tempo quente, tem criado condições para o aparecimento de oídio e mais recentemente de míldio.
Na região do Douro e Porto, perspetiva-se uma quebra de 10%. As temperaturas irregulares verificadas na fase da floração, com mínimas a atingir os 5ºC, contribuíram para a ocorrência de bagoinha e desavinho. A precipitação elevada ocorrida no inverno e início da primavera propiciou condições favoráveis para o desenvolvimento do míldio. Devido aos níveis elevados de humidade, o oídio manifestou-se com maior intensidade no final de junho.
Na região da Beira Atlântico, prevê-se uma diminuição da produção de 10%, devido a verificarem-se vinhas bastante afetadas com míldio por causa do excesso de humidade registada nos meses de junho e julho, e a queda de granizo ocorrida nas últimas semanas. Na altura da floração, as condições climatéricas também provocaram desavinho.
Na região Terras do Dão, a previsão aponta para uma quebra acentuada da produção na ordem dos 25%. Do ponto de vista climático o ano foi muito irregular, nomeadamente mais chuvoso que os anos normais, existindo muita prevalência de míldio e oídio, obrigando a um elevado número de tratamentos fitossanitários. Os prejuízos devem-se sobretudo a estas duas doenças, bem como a algum desavinho e bagoinha provocados pela chuva na altura da floração.
Na região Terras da Beira, prevê-se uma quebra na produção de 10%, influenciada pelas condições climatéricas, nomeadamente uma primavera e um verão mais chuvosos. Verifica-se algum oídio, principalmente nas castas tintas, tendo ocorrido o aparecimento de algum míldio tardio. Quanto à qualidade, em termos gerais, prevê-se boa, havendo um bom teor de humidade de água no solo, o que irá permitir uma boa evolução da maturação.
Na região Terras de Cister, a sanidade das uvas é boa e as videiras apresentam um bom desenvolvimento vegetativo, pelo que se perspetiva um aumento de produção de 10%.
Na região do Tejo, devido ao aparecimento de alguma podridão nas castas sensíveis, com incidência nas castas tintas, perspetiva-se uma quebra de produção de 5%.
Na região de Lisboa, prevê-se uma quebra de produção de 5%, devido à influência de condições climáticas instáveis (humidades relativas muito altas, elevados períodos de precipitação e temperaturas baixas) que favoreceram o desenvolvimento de doenças tais como o oídio, o míldio e a podridão. Este quadro fitossanitário provocou uma atenção redobrada nos tratamentos, estando esta situação controlada, apesar da forte pressão dos fungos.
Na região da Península de Setúbal, as perspetivas são de um aumento de produção de 20%, com especial incidência nas castas brancas. Devido à boa distribuição da precipitação e ausência de situações complexas de pragas e doenças, a vinha apresenta-se sem sinais de stress hídrico, com cepas vigorosas e bagos/cachos com boa evolução de maturação. As uvas apresentam uma boa e equilibrada evolução na relação açúcares/acidez.
Na região do Alentejo, prevê-se uma produção, em volume, semelhante à campanha passada, com uma boa qualidade da uva. Os focos de oídio e míldio que surgiram, foram atempadamente superados, pelo que as uvas na sua generalidade apresentam um bom aspeto sanitário.
Na região do Algarve, a previsão de produção aponta para um aumento de 10%. No inverno e na primavera a precipitação apresentou valores normais conduzindo a um bom desenvolvimento vegetativo das videiras. Houve um aumento dos tratamentos fitossanitários devido à incidência de focos de oídio e pequenos focos de míldio. Verificou-se também a presença da “cicadela”.
Na região da Madeira, espera-se uma diminuição da produção de 10%. Verifica-se um atraso dos estados fenológicos de cerca de 7 dias, devido às condições climáticas observadas ao longo dos últimos 3 meses, nomeadamente temperaturas e humidades relativas constantes para a época, mas sempre condicionadas por nebulosidades altas.
Na região dos Açores, a previsão global é de um aumento de 20%, favorecida pelas boas condições meteorológicas que se verificaram. Observaram-se videiras com bom desenvolvimento vegetativo e com sintomas de doenças menos evidentes que em campanhas anteriores. Nas ilhas Terceira, Graciosa e Pico preveem-se aumentos de 40%, 30% e 20%, respetivamente.
Previsões de Colheita – Campanha 2014/2015