publicado a: 2018-08-01

Cálculo da dose de produtos fitofarmacêuticos com base no LWA (Área da parede foliar)

Tradicionalmente expressamos a dose de aplicação de produtos fitofarmacêuticos (PFs) em concentração (g ou ml de produto por 100 litros) e/ou em quantidade (g ou ml) por hectare de terreno ocupado pela cultura. Em pomares e vinha (culturas altas) é mais frequente a expressão da dose em concentração, frequentemente acompanhada de uma limitação da quantidade máxima de produto a aplicar por hectare ou de um volume de calda máximo.

Atualmente existe uma tendência para reduzir volumes de calda, seja pela adoção de equipamentos que permitem a cobertura das folhas com menor volume de calda, seja pela adoção de formas de condução da poda, mais simples e compactas. Por outro lado, como consequência da harmonização Europeia no que respeita à homologação de PFs, existe também a necessidade de harmonizar as unidades de expressão da dose entre países. Na Europa existem várias unidades em uso. Para além da concentração e quantidade por ha, temos também quantidade de produto por metro de altura da cultura, quantidade de produto por 100 metros de linha, % da dose em função do estado fenológico (usado em vinha), quantidade de produto por m3 de volume de copa (TRV - tree row volume) e quantidade de produto por LWA (leaf wall area). Além de existirem diferenças entre países nas unidades para exprimir a dose, também os volumes tomados como referencia para tratamentos a alto volume são diferentes. Em Portugal usamos como referência os 1000 litros por ha, mas outros países Europeus usam 1500 L/ha como referencia para tratamentos em pomares.

Para adequar a quantidade de substancia ativa à superfície que se deseja tratar - com óbvios benefícios ambientais e económicos - e harmonizar as unidades em que se expressa a dose entre países europeus, a indústria europeia de proteção de plantas tem promovido a divulgação do sistema LWA.

O conceito de LWA - área da parede vegetal - parte de uma observação simples, quando tratamos os pomares ou as vinhas com um pulverizador, seja equipado com turbina ou de jato projetado, a calda é dirigida a uma faixa vertical e contínua de folhas e caules, tão alta quanto a copa das plantas a tratar e tão longa quanto a linha de plantação. Esta faixa ou “parede” é variável em função da cultura, do compasso de plantação, do sistema de condução da poda, do estado fenológico, etc. Numa lógica de adaptar a quantidade de produto ao tamanho das plantas que desejamos tratar propõe-se dosear o produto em função da área da parede vegetal.

Exprimir a dose em quantidade de produto por metros de área de parede vegetal é adequado para culturas altas (em que a altura da copa excede largamente a largura) dispostas em linhas afastadas entre si o suficiente para que se possa circular pela entrelinha efetuado tratamentos.


O LWA é calculado em função da altura das copas a tratar e da distância entre linhas usando a seguinte formula:

LWA (m2) = 2 x altura da copa (m) x 10’000 m2 / distância entre linhas (m).

A altura da copa é multiplicada por 2 porque as plantas são pulverizadas dos dois lados da linha.

A altura da copa calcula-se medindo a altura desde o solo até ao ponto mais alto da planta e subtraindo a altura entre o solo e as primeiras folhas. Por exemplo, para um pomar com 3,5 metros de altura e descontando 50 cm desde o solo até às primeiras folhas, teríamos uma altura de copa de 3 m.

A constante 10’000 refere-se à área de um hectare, pois aquilo que calculamos é a área de parede foliar de uma cultura implantada num hectare de terreno.

Medido a altura da copa e a distância entre linhas podemos calcular o LWA do nosso pomar ou vinha:

  • Exemplo para pomar – para uma altura de copa de 3 metros e distância entre linhas de 4 metros, temos então: LWA = 2 x 3 x 10’000 / 4, ou seja 15’000 m2 de área de parede foliar.
  • Exemplo para vinha – para uma altura de copa de 1,4 metros e distância entre linhas de 2,5 metros, temos então: LWA = 2 x 1,4 x 10’000 / 2,5 ou seja 11’200 m2 de área de parede foliar.


Com base nos resultados dos cálculos dos exemplos anteriores verificamos que em muitos dos nossos pomares e vinhas a área da parede vegetal é superior à área do terreno em que a cultura está implantada. Ao usar o sistema LWA estaríamos a ajustar a quantidade de produto à área que efetivamente tratamos e não à área ocupada pela cultura. Este sistema de expressão da dose não depende da quantidade de calda usada para tratar a cultura.

A área da parede vegetal varia ao longo do ciclo da cultura, desde o repouso vegetativo até ao pleno desenvolvimento dos lançamentos ou das varas. Isto implica também que a quantidade de produto usada não é fixa durante todo o ciclo, mas vai sendo ajustada ao desenvolvimento da cultura.

Quando futuramente encontrarmos no rótulo de um PF uma indicação semelhante a “aplique 1 kg de produto por cada 10’000 m2 LWA da cultura” bastará usar a fórmula de cálculo apresentada anteriormente para sabermos qual a quantidade de produto mais adequada à cultura que desejamos tratar, nas condições particulares de cada parcela.

Correntemente este método não se encontra ainda nos rótulos dos produtos homologados em Portugal. Os aplicadores deverão seguir apenas as indicações dadas nos rótulos dos produtos homologados em Portugal.


Colaboração especial:

Pedro Sabino - Syngenta
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Comentários

  •   José Raul Ribeiro 2021-06-05 0 0
    Não se compreende tanta complicação em torno de um problema simples. Será um esforço para "engenheirar" o tema? Pois esta fórmula não funciona. Basta considerar que uma vinha, por exemplo, pode ter a mesma altura de copa mas densidade de folhagem diferente. Este LWA não é correcto, de modo algum. Não compliquem. A área foliar é dada, de forma indirecta, pelo volume de calda necessário para molhar totalmente até ao ponto de escorrimento, ou seja, o alto volume da cultura. O alto volume difere de cultura para cultura e na própria cultura conforme o estado de desenvolvimento. A dose é indexada ao nº de hl do alto volume, que se multiplica pela concentração indicada no rótulo (a concentração indicada no rótulo é válida para aplicações em alto voluma. José Raul Ribeiro
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