publicado a: 2022-02-02

Gestão de infestantes da vinha

Quando nos deparamos com um cenário idêntico ao da foto, é sinal que algo falhou no controlo das infestantes da vinha. Para evitar que tal aconteça é necessário fazer um bom planeamento da intervenção e eleger o meio de controlo mais adequado.

O primeiro passo é a identificação do tipo de infestantes que predominam na parcela. Conhecer o ciclo de vida, o período de germinação e emergência, o tipo de propagação (por semente ou vegetativa), o modo como reagem às diversas técnicas, são dados essenciais para o delineamento de uma boa estratégia.

A primeira intervenção ocorre habitualmente antes do abrolhamento da vinha (final do Inverno início da Primavera) e visa eliminar as infestantes anuais que emergiram durante o período invernal.

As práticas mais usadas atualmente em viticultura convencional, são a mobilização do solo, o uso de herbicidas e o enrelvamento permanente ou temporário. Na maior parte dos casos a opção passa pela combinação de duas ou mais práticas. Na linha o controlo é feito habitualmente com recurso à aplicação de herbicidas, ou através de meios mecânicos com recurso ao inter-cepas. Na entrelinha, pode optar-se pelo enrelvamento, ou pela eliminação através da mobilização do solo.

Todas as práticas apresentam vantagens e inconvenientes. Caberá ao agricultor eleger as mais adequadas tendo em conta as características da sua vinha, a região em que se insere e o tipo de infestantes.

A opção pela aplicação de herbicida na linha continua a ser muito usada, sobretudo pela facilidade de utilização e relação custo/benefício. Para garantir o sucesso do tratamento é fundamental selecionar produtos com eficácia sobre as infestantes que se pretende eliminar. Dada a diversidade de espécies que constituem a flora adventícia das vinhas portuguesas, é muitas vezes necessário combinar dois ou mais herbicidas.

Os produtos à base de glifosato (herbicida sistémico não seletivo mais usado no controlo de infestantes) poderão ser aplicados em mistura com herbicidas residuais homologados em vinha como o diflufenicão, a oxifluorfena ou o flazassulfurão, de modo a garantir um maior espectro de ação e persistência. Para assegurar o sucesso do tratamento é importante seguir as recomendações do rótulo, nomeadamente no que respeita a doses e volumes de aplicação, técnicas, equipamentos e cuidados a ter durante a pulverização.

A correta gestão de infestantes deverá antecipar situações de competição com a cultura, que se traduzem habitualmente em prejuízos importantes ao nível do desenvolvimento das plantas e da produção. Além destes, são ainda apontados outros efeitos negativos decorrentes da presença das infestantes, por exemplo a criação de microclimas favoráveis ao desenvolvimento de doenças e a dificuldade na realização de operações culturais.

Contudo, a presença de infestantes na parcela tem associados aspetos positivos como a contribuição para o aumento das populações de organismos auxiliares, a melhoria da fertilidade e estrutura do solo, a diminuição da erosão em relevos mais acentuados e a melhor transitabilidade de máquinas agrícolas.

Em síntese, uma boa gestão das infestantes na vinha consiste em tirar partido dos benefícios da sua presença na parcela, nos períodos em que não ocorre competição com a cultura e controlar a sua incidência e desenvolvimento de modo a evitar os efeitos negativos.

Iva Almeida

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