publicado a: 2016-11-08

Incompatibilidade de produtos fitofarmacêuticos

Imagens: ANIPLA

Em grande parte das aplicações, a calda resulta da mistura de diferentes produtos fitofarmacêuticos (e fertilizantes foliares). Fazer as coisas desta forma permite poupar tempo e custos de aplicação e também criar sinergias entre produtos.

Mas os produtos fitofarmacêuticos são misturas complexas de substâncias ativas e adjuvantes, e as interações que surgem entre eles dentro do depósito do pulverizador, para além de poderem ser inesperadas, podem condicionar a eficácia do tratamento.

Estas interações indesejadas designam-se de incompatibilidade, e podem manifestar-se de três formas:

  • Incompatibilidade física - quando são visíveis alterações na calda, como precipitação, formação de sobrenadante ou floculação;
  • Incompatibilidade química - muitas vezes sem sinais visíveis (excepção ao possível aumento da temperatura), com alteração dos produtos e consequente perda de eficácia;
  • Incompatibilidade biológica - os produtos não interagem, mas a sua presença simultânea sobre a planta a tratar provoca fitoxicidade.

Para reduzir os riscos podemos contar com a informação que os fabricantes de produtos fitofarmacêuticos fornecem. As tabelas de compatibilidade estão disponíveis em sites e manuais técnicos, mas têm uma limitação óbvia: aplicam-se só aos produtos dos próprios fabricantes.

Podemos então contar com a nossa experiência, assumindo que a mistura de dois produtos que não apresentaram incompatibilidade em situações anteriores, não irá apresentar em igualdade de circunstâncias. É fundamental garantir que isto acontece efectivamente ou seja:

  • A mistura não inclui nenhum produto adicional, nem mesmo fertilizante foliar;
  • Não existe alteração das concentrações de nenhuma dos produtos;
  • É utilizada a mesma água na preparação da calda, não se alterando as suas propriedades químicas.

Numa situação completamente nova, deve fazer-se um teste:

  • Colocar uma pequena quantidade da água utilizada na preparação da calda num recipiente;
  • Medir o pH da água e corrigir em caso de necessidade (ver infografia);
  • Adicionar os produtos a misturar na mesma ordem na proporção da água, individualmente, e observando a calda após a sua mistura;
  • Agitar bem a mistura final e verificar se há alterações de temperatura.

É importante lembrar que em qualquer situação, a preparação da calda deve ser feita segundo esta sequência:

  1. Juntar os pós molháveis e grânulos dispersíveis em água
  2. Agitar a calda
  3. Juntar suspensões ou emulsões concentradas
  4. Juntar concentrados para emulsão
  5. Juntar tensioativos


por Hugo Pires
Engenheiro Agrónomo
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