publicado a: 2016-03-23

Black Rot ou Podridão Negra da videira

Hoje contamos com a colaboração especial do Eng.º Gilberto Lopes que nos fez chegar um artigo sobre o Black Rot (Podridão Negra da videira), uma doença da videira relativamente recente em Portugal e que pode causar elevados prejuízos.

O Black Rot ou Podridão Negra da videira é uma doença provocada pelo fungo Guignardia bidwellii Viala & Ravaz. Originaria do continente Americano e conhecida na Europa desde finais do séc. XIX.

É uma doença para a qual os viticultores ainda não estavam muito familiarizados, tendo nos últimos anos provocado estragos significativos em algumas regiões vitícolas de Portugal, nomeadamente nas regiões da Bairrada, Dão e entre Douro e Minho. Em outras regiões como o Douro, e as regiões mais a sul, a sua incidência tem começado também a notar-se.

Descrição

Esta doença desenvolve-se em todos os órgãos verdes da planta, provocando estragos/prejuízos em pâmpanos e pecíolos, folhas, cachos, até mesmo em gavinhas. Os primeiros sintomas começam a surgir após um período de incubação de 3 a 4 semanas, dependendo do número de horas de humectação e temperatura.

Nas folhas – observam-se pequenas manchas, com contornos algo arredondados, de cor castanho-avermelhadas, com uma linha marginal de cor escura e após 3 a 4 dias aparecem os picnídios negros (frutificações do fungo), dispostos de forma concêntrica.

As folhas jovens são as mais sensíveis. Um pequeno número de manchas pode ser o suficiente para causar graves danos. Por sua vez, as folhas “adultas” são menos sensíveis.

Nos pecíolos e pâmpanos – muitas vezes aparecem manchas alongadas, de cor acastanhada, onde surgem os picnídios negros. Na maior parte das vezes não tem influência sobre a vegetação, contudo temos a presença de um foco de contaminação para o ano seguinte.

Nos pedúnculos das inflorescências/cachos e gavinhas – podem igualmente aparecer manchas similares às do ponto anterior, que em situações de forte ataque pode provocar graves prejuízos.

Nos cachos – a doença normalmente progride das contaminações existentes nas folhas. Estes, normalmente podem ser atacados desde a pré-floração até ao pintor. Os primeiros sintomas no cacho manifestam-se por uma pequena mancha no bago com uma ligeira depressão, geralmente de cor castanho-rosada. O fungo em poucos dias acaba por contaminar o resto do tecido do bago e este começa a enrugar e adquire um aspecto enrugado.

Os bagos mumificados, acabam por ficar com uma tonalidade azulada, onde se podem encontrar os picnídios.

Nesta fase, a presença de picnídios, ajuda a distinguir o Black Rot do Rot Brun.

O cacho pode ser atacado na totalidade ou apenas alguns bagos.


Condições de desenvolvimento

As chuvas prolongadas e frequentes no período primaveril são preponderantes para o desenvolvimento da doença. O fungo pode começar-se a desenvolver a partir de 9 °C. Com as primeiras chuvas ou períodos de humidade relativa elevada e com temperaturas amenas podemos ter as primeiras contaminações (infecções primárias) por largos períodos de tempo. Depois disso, as infecções secundárias provocam a expansão da doença pela vinha.

Estratégia de Proteção

Indirectas (culturais)

Vinhas abandonadas – arrancar as vinhas abandonadas. São umas das principais fontes de contaminação desta doença.

Outono/Inverno – eliminação das varas atacadas e cachos mumificados na altura da poda, para que consigamos diminuir o inoculo.

Controlo vegetação (poda em verde) e controlo de infestantes – São medidas que favorecem o arejamento e a redução de longos períodos de folha molhada.

Directas

Na maioria dos casos, não se realizam tratamentos específicos para esta doença, uma vez que nesta fase do ciclo podemos realizar tratamentos para o míldio e oídio com soluções que também tenham acção sobre a doença. Existem no mercado algumas soluções homologadas para míldio, oídio e black rot.

Quer as medidas indirectas como as directas visam reduzir ou atrasar ao máximo o risco de contaminação das nossas vinhas.

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