APICAVE discute em seminário o futuro do setor apicola
APICAVE – Associação de Apicultores do Cávado e do Ave, reúne os apicultores da região e especialistas, para discutir o futuro da apicultura e tentar encontrar soluções para o declínio dos efetivos apícolas e da produção de mel na região.
A APICAVE – Associação de Apicultores do Cávado e do Ave, fundada em 24 de janeiro de 2014, com sede em Braga, tem por objetivos o apoio técnico aos seus associados, a formação, a divulgação da atividade e dos produtos apícolas, o apoio à manutenção da sanidade dos efetivos, tendo como fim comum, o desenvolvimento da apicultura da região e a salvaguarda dos interesses dos apicultores.
Nos seus 10 anos de existência, o número de associados tem vindo a crescer, contando atualmente com mais de 300 sócios ativos dispersos por mais de 15 concelhos.
No próximo Sábado, dia 27 de janeiro, assinalará os seus 10 anos de existência com mais uma realização, daquele que é já conhecido como o DIA da APICAVE, este ano já na sua VII edição.
Os últimos anos, tem sido de grandes mudanças para este setor. Se por um lado tem captado a atenção de muita gente nova, o que tem representado um aumento do número de apicultores, por outro, é cada vez mais desafiante conseguir garantir a sobrevivência das colônias.
A região do Minho tem 4 tipos de méis característicos – eucalipto, multiflora, castanheiro e urze.
No que respeita à disponibilidade alimentar, tem-se assistido a uma redução drástica da flora melífera, e ao mesmo tempo, a uma alteração dos padrões de floração, muito possivelmente devido às alterações climáticas, o que tem resultado numa muito significativa redução das produções.
Outras razões motivam ainda a redução do potencial produtivo. O eucalipto é cada vez mais explorado com destino à produção de celulose, com o uso de variedades híbridas com menor propensão para florirem e com o corte das plantas em estádio muito jovem. A multiflora, em muitos locais tem sido vítima do recurso desenfreado aos herbicidas ou às desmatações e limpezas desmedidas a que obriga o plano nacional de controlo dos fogos rurais e florestais. O castanheiro, tem sofrido também com o ataque da vespa da galha, o que reduz drasticamente a sua capacidade de floração. Por último as urzes, que tem sucumbido aos sucessivos fogos florestais, tendo vindo a ser naturalmente substituída pela giesta, sem qualquer interesse apícola.
A todos estes constrangimentos, soma-se a crescente pressão de vespa velutina, instalada desde 2014 nesta região, e atualmente ainda completamente fora de controlo e em franca expansão.
A má nutrição das colónias e a fortíssima pressão da vespa velutina, que para além de reduzir a população dos enxames e impedir as abelhas de forragearem, resulta num elevado número de colónias perdidas anualmente durante o outono/inverno, e numa redução drástica do potencial de produção dos efetivos.
Por estas razões, e apesar de um crescente investimento por parte dos apicultores na atividade, quer de mão de obra, quer financeiro, as produções médias por colmeia decresceram muito significativamente nos últimos anos.
Com médias de 20 a 25 kgs por colmeia até 2010, passamos desde 2019 a oscilar entre os 3 e os 8 kgs.
Estas quantidades não cobrem o custo de produção, pelo que se torna impossível fazer da apicultura sob estas condicionantes uma atividade sustentável e com futuro.
A atividade está em risco, e a produção de mel e todo o serviço prestado pelas abelhas aos ecossistemas está em causa, sendo por isso urgente tomar medidas de apoio ao setor.
Os apicultores reclamam da tutela um maior empenho de meios humanos, materiais e financeiros no apoio ao setor, seja no diagnóstico e profilaxia das patologias que afetam as colónias e tem resultado na sua morte, seja na busca de soluções efetivas para o controlo da Vespa Velutina, seja ainda na fiscalização, quer no âmbito da produção quer da comercialização, criando condições de concorrência leal em todos os elos da cadeia.
A APICAVE, cumprindo a sua função de apoio aos seus associados, e não estando indiferente a todas as dificuldades por que estes estão a passar (as perdas de colónias nos últimos meses rondará os 30%, muito próximo dos 100% em alguns apiários), convidou um grupo de especialistas, para, em conjunto com os participantes no VII DIA da APICAVE, tentarem debater e identificar as causas e encontrar um caminho de futuro.
Este será ainda um fórum onde os apicultores poderão aproveitar para se conhecerem, partilharem experiências e ainda contactarem com representantes de empresas que estarão presentes a apresentar os seus produtos e serviços.
Este seminário, decorrerá em Geme, Vila Verde, na Quinta da Aldeia, e é de participação aberta a todos os apicultores e aficionados pela atividade.