publicado a: 2018-12-21

INE - Boletim Mensal de Agricultura e Pescas - Dezembro 2018

Foi publicado pelo INE o Boletim Mensal da Agricultura e Pescas - Dezembro 2018.

Para aceder ao documento completo - clique AQUI

Previsões Agrícolas

As previsões agrícolas, em 30 de novembro, apontam para uma diminuição na produção de azeitona (-20% face à campanha anterior), num ano marcado pela contrassafra e algum atraso na colheita. Pelo contrário, na castanha, apesar de alguma heterogeneidade produtiva e qualitativa, deverá registar-se um aumento de 5% na produção.

No milho de regadio, os efeitos negativos da tempestade Leslie nas searas da região Centro foram evidentes e, apesar do aumento da área semeada, a produção deverá ser semelhante à de 2017.

Quanto aos cereais de inverno, os trabalhos de preparação da sementeira têm sido dificultados pelo estado de encharcamento dos solos, registando-se um atraso generalizado.

Na aveia, prevê-se a manutenção da área semeada na campanha anterior (32 mil hectares).

Preços e índices de preços agrícolas

Em novembro de 2018, as variações mais significativas em módulo no índice de preços de produtos agrícolas no produtor foram observadas na batata (+119,4%), hortícolas frescos (+21,4%), ovinos e caprinos (+6,7%), plantas e flores (+6,3%), bovinos (+4,2%) e suínos (+3,5%).

Em comparação com o mês anterior, as variações de maior amplitude ocorreram nos frutos (+17,0%), batata (+5,3%) e hortícolas frescos (+3,6%).

Em setembro de 2018, o índice de preços de bens e serviços de consumo corrente (INPUT I) aumentou 1,5%, enquanto o índice de preços de bens e serviços de investimento (INPUT II) aumentou 0,9%. Relativamente ao mês anterior, observou-se um aumento de 0,4% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente. No índice de preços de bens e serviços de investimento não se registou qualquer alteração.

Clima

O mês de novembro caracterizou-se, em termos meteorológicos, como chuvoso. O valor médio da quantidade de precipitação registada (178 mm) ultrapassou a normal em cerca de 63%, tendo sido o quarto novembro mais chuvoso desde 2000. Registaram-se catorze dias com precipitação média superior a 5 mm (quatro deles superior a 10 mm). De salientar que no dia 11 a precipitação foi forte e persistente, com um valor médio diário de 34,5 mm para o Continente e superior a 60 mm em diversas regiões da Grande Lisboa, Médio Tejo e Dão-Lafões, com registo de inundações. Quanto à temperatura, o mês classificou-se como normal, com um desvio de -0,5 ºC face à média 1971-2000.

Estas condições meteorológicas dificultaram a realização de algumas operações agrícolas mecanizadas, nomeadamente os trabalhos de mobilização dos solos para a instalação das culturas de inverno, a conclusão da colheita do milho e do arroz, bem como a apanha da azeitona. Por outro lado, permitiram o aumento dos volumes de água armazenada nas charcas e barragens, bem como a subida do nível dos lençóis freáticos.

No final de novembro, o teor de água no solo, em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas, registou um aumento significativo face ao final de outubro, em todo o território e em particular nas regiões do Norte e Centro, que apresentavam valores próximos ou iguais à capacidade de campo1

Pastagens e forragens com bom início de ciclo

A partir do final de outubro, com a ocorrência das primeiras chuvas outonais e temperaturas amenas, iniciou-se um novo ciclo nas pastagens de sequeiro, registando-se uma boa germinação e desenvolvimento inicial, que permitiu o pastoreio ao longo do mês de novembro. Contudo, e tal como geralmente sucede nesta época, as necessidades forrageiras das diferentes espécies pecuárias não são ainda totalmente satisfeitas pelo pasto, recorrendo-se à suplementação com alimentos conservados (palhas, silagens e alimentos concentrados), em quantidades normais e bastante inferiores às observadas no ano passado.
Quanto às forragens anuais semeadas, também se observa um bom desenvolvimento das instaladas antes das chuvas, com povoamentos regulares e bom aspeto vegetativo.

Precipitação atrasa sementeira dos cereais de inverno

Os trabalhos de preparação dos solos e de sementeira dos cereais de outono/inverno foram interrompidos a partir da segunda semana de novembro, quando os elevados teores de humidade do solo dificultaram o acesso aos terrenos e/ou impediram a realização das operações em condições técnicas minimamente aceitáveis. Na aveia, cereal praganoso mais precoce, a maioria destes trabalhos já ocorreu, permitindo a sementeira de uma área semelhante à instalada na campanha anterior. A germinação e o desenvolvimento inicial foram favorecidos pela ocorrência de precipitação, observando-se povoamentos uniformes na generalidade das searas

Leslie trava aumento na produção de milho

No final de novembro, a colheita do milho ainda não se encontrava totalmente concluída, com o encharcamento dos solos a impedir o acesso das máquinas aos campos de textura mais pesada. Apesar do aumento da área semeada face à campanha anterior, prevê-se a manutenção da produção (729 mil toneladas) uma vez que, em resultado da passagem da tempestade Leslie nas regiões do Baixo Mondego e do Pinhal Litoral, muitas searas acabaram por acamar2, dificultando ou mesmo impedindo a colheita. De referir que, embora a campanha tenha sido mais concentrada no tempo, não se registaram constrangimentos na secagem nem no armazenamento.

Campanha regular na castanha

A colheita da castanha ainda está a decorrer, prevendo-se que só termine no início de dezembro, o que representará um atraso de algumas semanas face ao habitual. Nas principais regiões produtoras (Alto Tâmega e Terra Fria Transmontana) a produção é heterogénea, prevendo-se um aumento global de 5% face a 2017. A qualidade e calibre do fruto é maioritariamente boa, embora igualmente variável.

Produção de azeitona decresce 20%

As condições climatéricas ao longo do ciclo conduziram a um atraso na maturação da azeitona. A colheita já se iniciou, e os primeiros indicadores apontam para a confirmação da diminuição da quantidade de azeitona produzida (-20% face à campanha anterior, quer na azeitona para azeite quer na de mesa) e com menor teor de azeite. Os olivais tradicionais de sequeiro beneficiaram bastante com a chuva dos últimos meses que, no entanto, não compensará a heterogeneidade da carga. De referir que, apesar do peso crescente dos olivais intensivos e superintensivos, potencialmente com produções mais estáveis (porque mais controlados) se mantém evidente a alternância produtiva anual desta cultura (vulgarmente conhecida por safra e contrassafra.

Índice de preços de produtos agrícolas no produtor

Em novembro de 2018 observou-se uma variação positiva no índice de preços de produtos agrícolas no produtor da batata (+119,4%), dos hortícolas frescos (+21,4%), das plantas e flores (+6,3%). No mesmo período assistiu-se a um decréscimo no índice de preços dos frutos (-12,3%).

Em relação ao mês anterior verificou-se um acréscimo no índice de preços dos frutos (+17,0%), da batata (+5,3%), dos hortícolas frescos (+3,6%), das plantas e flores (+0,7%)

Índice de preços dos meios de produção na agricultura

Em novembro de 2018 observou-se uma variação positiva no índice de preços de produtos agrícolas no produtor da batata (+119,4%), dos hortícolas frescos (+21,4%), das plantas e flores (+6,3%).

No mesmo período assistiu-se a um decréscimo no índice de preços dos frutos (-12,3%).

Em relação ao mês anterior verificou-se um acréscimo no índice de preços dos frutos (+17,0%), da batata (+5,3%), dos hortícolas frescos (+3,6%), das plantas e flores (+0,7%).




1 Parâmetro do solo que mede a sua capacidade para reter água. Um solo atinge a sua capacidade de campo quando todos os seus microporos estão ocupados por água.

2 Acidente de causas meteorológicas (neste caso), fisiológicas ou fitossanitárias, que se carateriza pela inclinação e/ou queda das plantas.

Comentários