INE - Boletim Mensal de Agricultura e Pescas - Fevereiro 2019
Foi publicado pelo INE o Boletim Mensal da Agricultura e Pescas - Fevereiro 2019.
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Previsões Agrícolas
As previsões agrícolas, em 31 de janeiro, apontam para uma diminuição significativa da produção de azeitona para azeite (-20% face à campanha anterior), com cargas muito heterogéneas nos olivais tradicionais de sequeiro e rendimentos em azeite mais baixos.
Quanto aos cereais de outono/inverno, as sementeiras estão concluídas e, apesar das condições meteorológicas favoráveis para a sua instalação, prevê-se um decréscimo de 3% na área instalada, para o qual contribuíram as reduções das superfícies de trigo, triticale e cevada. O desenvolvimento tem sido normal, apresentando as searas povoamentos homogéneos e bom aspeto vegetativo.
Preços e índices de preços agrícolas
Em janeiro de 2019, as variações mais significativas em módulo no índice de preços de produtos agrícolas no produtor foram observadas na batata (+111,2%), hortícolas frescos (+41,7%) e azeite a granel (-21,0%).
Em comparação com o mês anterior, as variações de maior amplitude verificaram-se nos hortícolas frescos (+12,8%).
Em dezembro de 2018, o índice de preços de bens e serviços de consumo corrente (INPUT I) aumentou 1,5%, enquanto o índice de preços de bens e serviços de investimento (INPUT II) aumentou 0,6%. Relativamente ao mês anterior, observou-se uma diminuição de 0,8% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente. No índice de preços de bens e serviços de investimento não se registou qualquer alteração.
Clima
O mês de janeiro caracterizou-se, em termos meteorológicos, como normal em termos de temperatura e muito seco quanto à precipitação. O valor médio da quantidade de precipitação, 57,3 mm, correspondeu a cerca de metade da normal (1971-2000), situação que, de acordo com o índice PDSI1, contribuiu para o surgimento da classe de seca meteorológica moderada (94% do território continental encontrava-se, no final de janeiro, em seca meteorológica moderada ou fraca). Em relação às temperaturas, de assinalar a ocorrência, durante a primeira quinzena, de temperaturas mínimas muito inferiores ao normal, com a consequente formação de geada nos locais mais abrigados.
Estas condições meteorológicas permitiram a realização, com normalidade, da maioria dos trabalhos agrícolas, nomeadamente as podas das vinhas e pomares, a conclusão das sementeiras e a adubação de cobertura das culturas arvenses de inverno. Quanto às reservas hídricas, no final de janeiro, o volume de água armazenado nas albufeiras de Portugal continental2 encontrava-se nos 66% da capacidade total, valor ainda assim superior ao observado no período homólogo (59%), quando, recorde-se, se registava o oitavo mês consecutivo com mais de metade do território continental em seca meteorológica severa ou extrema.
No final de janeiro, o teor de água no solo, em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas, registou uma diminuição face ao final do mês anterior, em particular na região Sul, onde se verificam valores inferiores a 40%.
PREVISÕES AGRÍCOLAS EM 31 DE JANEIRO DE 2019
Pastagens e forragens abrandam desenvolvimento vegetativo
A precipitação escassa, o frio e a ocorrência de geadas conduziram à inibição do desenvolvimento vegetativo das pastagens e das culturas forrageiras, situação habitual no ciclo de produção destas culturas nas condições mediterrâneas. Os efetivos pecuários continuam sem dificuldades de acesso às pastagens mas, duma forma generalizada, a matéria verde disponível nas áreas forrageiras não é suficiente para colmatar as necessidades alimentares. O recurso a alimentos conservados (palhas, fenos e silagens) e concentrados (rações industriais) tem decorrido dentro dos parâmetros normais para a época.
Área de cereais de inverno mantém tendência de decréscimo
Foram concluídos os trabalhos de sementeira dos cereais de inverno ao longo do mês de janeiro, que decorreram sem contratempos. Observam-se reduções, face a 2018, das áreas instaladas de trigo mole, triticale e cevada (-5%) e de trigo duro (-10%). No centeio e na aveia, as previsões apontam para a manutenção da área.
De referir que este decréscimo global da área de cereais de inverno (-3%, face a 2018) mantém a tendência observada nos últimos seis anos, posicionando esta campanha como a que regista menor área desde a adesão de Portugal à União Europeia (cerca de 1/8 da área observada em 1986).
Boas perspetivas de produtividade para a aveia
As germinações dos cereais para grão foram boas e as searas encontram-se na fase do afilhamento. Os povoamentos são regulares e o desenvolvimento vegetativo tem sido normal, excetuando nas searas que se encontram instaladas em solos com menor capacidade de retenção de água, que já manifestam sintomas de défice hídrico (situação ainda perfeitamente revertível e sem caráter definitivo e/ou determinante no potencial produtivo das culturas). Não se verificaram limitações à realização das adubações de cobertura em tempo oportuno, aguardando-se apenas a ocorrência de precipitação para que a eficácia da sua aplicação seja efetiva. Na aveia, cereal mais precoce, as previsões apontam para a manutenção dos níveis de produtividade alcançados na campanha anterior (8% acima da média do último quinquénio).
Produção de azeitona para azeite com redução significativa
A colheita da azeitona está praticamente terminada, confirmando-se um atraso significativo na maturação face ao habitual, efeito das condições meteorológicas adversas, que ocasionaram um início de ciclo demorado e uma suspensão do amadurecimento dos frutos no período das ondas de calor de agosto. Após uma campanha com um máximo histórico de produção, os olivais tradicionais de sequeiro apresentaram uma carga de frutos heterogénea (ano de contrassafra3),1prevendo-se que globalmente se registe um decréscimo de 20% na produção de azeitona para azeite. A funda (rendimento da azeitona em azeite) aumentou com o decorrer da colheita, se bem que, previsivelmente, ficará abaixo da alcançada na última campanha.
De referir que, apesar da instalação significativa de novos olivais intensivos e semi-intensivos (responsáveis pelo facto de, desde 2009, a produção não baixar das 400 mil toneladas), com maior controlo sanitário e fisiológico, continua a ser bem evidente a alternância anual de produção.
ÍNDICE DE PREÇOS NA AGRICULTURA
Índice de preços de produtos agrícolas no produtor
Em janeiro de 2019 observou-se uma variação positiva no índice de preços de produtos agrícolas no produtor, da batata (+111,2%), hortícolas frescos (+41,7%), frutos (+3,4%); em comparação com o mesmo período assistiu-se a um decréscimo no índice de preços do azeite a granel (-21,0%), plantas e flores (-8,8%).
Em relação ao mês anterior verificou-se um acréscimo no índice de preços dos hortícolas frescos (+12,8%), batata (+4,8%), frutos (+1,4%) e uma diminuição no índice de preços das plantas e flores (-4,0%). O azeite a granel não registou qualquer alteração.
Índice de preços dos meios de produção na agricultura
Em dezembro de 2018 assistiu-se a um aumento de 1,5% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente, causado, principalmente, pela evolução do índice de preços das sementes (+19,4%) e da manutenção de materiais (+7,5%); em comparação com o mês anterior verificou-se uma variação negativa de 0,8% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente, devida, sobretudo, à redução do índice de preços da energia e lubrificantes (-5,6%).
No índice de preços dos bens e serviços de investimento registou-se uma variação de +0,6%, devido, principalmente, ao acréscimo do índice de preços dos tratores (+1,0%); em relação ao mês anterior não foi observada qualquer variação.
1 O índice PDSI (Palmer Drought Severity Index) baseia-se no conceito do balanço da água tendo em conta dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo e permite detetar a ocorrência de períodos de seca, classificando-os em termos de intensidade (fraca, moderada, severa e extrema). Informação constante em IPMA - Monitorização da Seca - Índice PDSI - Situação Atual, in http://www.ipma.pt/pt/oclima/observatorio.secas/pdsi/monitorizacao/situacaoatual/, consultado em 13 de fevereiro de 2019.
2 Informação constante do Boletim de Armazenamento nas Albufeiras de Portugal Continental - Situação das Albufeiras em janeiro de 2019, in http://snirh.apambiente.pt/index.php?idMain=1&idItem=1.3, consultado em 13 de fevereiro de 2019.
3 Safra e contrassafra - alternância produtiva anual evidente em determinadas culturas, muitas vezes ligada a práticas culturais e sistemas de produção. Num ano de safra a produção é elevada; por oposição, num ano de contrassafra a produção é baixa.