publicado a: 2019-03-22

INE - Boletim Mensal de Agricultura e Pescas - Março 2019

Foi publicado pelo INE o Boletim Mensal da Agricultura e Pescas - Março 2019.

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Previsões Agrícolas

As previsões agrícolas, em 28 de fevereiro, apontam para um decréscimo significativo (-25%) da produção de azeite face à campanha anterior, mantendo, no entanto, um resultado superior a 1,1 milhões de hectolitros (terceiro ano mais produtivo das últimas décadas).Nos cereais de inverno, apesar das condições climatéricas favoráveis, a superfície instalada (109 mil hectares) deverá ser a menor dos últimos cem anos, essencialmente devido à diminuição da área de trigo e triticale (-10%) e de cevada (-5%). O desenvolvimento vegetativo é normal, prevendo-se a manutenção, face a 2018, da produtividade da aveia (1,5 toneladas por hectare).

Preços e índices de preços agrícolas

Em fevereiro de 2019, as variações mais significativas em módulo no índice de preços de produtos agrícolas no produtor foram observadas na batata (+158,8%), hortícolas frescos (+18,0%), e azeite a granel (-15,5%). Em comparação com o mês anterior, as variações de maior amplitude verificaram-se na batata (+22,0%), hortícolas frescos (-10,1%) e frutos (-6,6%). Em dezembro de 2018, o índice de preços de bens e serviços de consumo corrente (INPUT I) aumentou 1,5%. Idêntica tendência para o índice de preços de bens e serviços de investimento (INPUT II) com uma variação positiva de 0,6%. Relativamente ao mês anterior, observou-se uma diminuição de 0,7% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente. No índice de preços de bens e serviços de investimento não se registou qualquer alteração.

Clima

O mês de fevereiro caracterizou-se, em termos meteorológicos, como quente e muito seco. A temperatura média do ar (10,6ºC) foi 0,6ºC superior à normal 1971-2000, com registo de máximos históricos da temperatura máxima para o mês de fevereiro em cerca de 30% das estações meteorológicas (quase todas no Norte e Centro e concentrados na última década do mês). Quanto à precipitação, o valor médio de 34,4mm corresponde a cerca de 1/3 da normal, o que posiciona este fevereiro como o quarto mais seco desde 2000. No final do mês, e de acordo com o índice meteorológico de seca PDSI1 , 61,9% do território continental encontrava-se em seca moderada e severa. Estas condições meteorológicas permitiram a execução das tarefas agrícolas sem qualquer limitação, nomeadamente as podas e empas em vinhas, a aplicação de herbicidas nas culturas permanentes, a conclusão das sementeiras e adubações dos cereais de pragana e o início da preparação dos terrenos para instalação das culturas de primavera/verão. Quanto às reservas hídricas no final de fevereiro, o volume de água armazenado nas albufeiras de Portugal continental2 encontrava-se nos 69% da capacidade total, o que corresponde a um aumento de 3 p.p. face ao final do mês anterior, mas mantendo-se ainda abaixo do valor médio de 75% (1990/91-2017/18).

No final de fevereiro, o teor de água no solo, em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas, registou uma diminuição face ao final do mês anterior, em particular nalguns locais da região Sul, onde se verificam valores inferiores a 20%.

Pastagens e forragens com adiantamento no desenvolvimento vegetativo

A ausência de precipitação, associada a uma grande amplitude térmica (baixas temperaturas noturnas e altas temperaturas diurnas), conduziu a um considerável adiantamento no desenvolvimento vegetativo das pastagens e forragens. Este facto, mesmo considerando a regular ocorrência de precipitação durante o mês de março, pode comprometer a normal curva de crescimento de matéria verde dos próximos meses, com naturais implicações no fornecimento de alimentos aos efetivos. Neste momento, duma forma generalizada, os animais continuam sem dificuldades de acesso às pastagens, sendo o recurso a alimentos conservados (palhas, fenos e silagens) e concentrados (rações industriais) considerado normal para a época e muito inferior ao que sucedia no ano passado.

Menor superfície de cereais de inverno dos últimos 100 anos

A esmagadora maioria das sementeiras dos cereais de inverno concluiu-se no final de janeiro, e decorreu sem incidentes. Prevê-se uma redução, face à campanha anterior, nas áreas instaladas de trigo e triticale (-10%) e de cevada (-5%).


Este cenário de redução global da área dos cereais de inverno (-5% face a 2018 e -20% face à média dos últimos cinco anos) posiciona esta campanha como a que regista a menor área dos últimos cem anos.


Produtividade da aveia semelhante à campanha passada

A germinação e emergência dos cereais de inverno decorreu bem, especialmente nas searas que foram semeadas mais cedo, encontrando-se na fase do afilhamento/início do encanamento. Os povoamentos estão regulares e com desenvolvimentos vegetativos dentro dos padrões de normalidade. A fraca precipitação ainda não permitiu a total eficácia da adubação de cobertura e manteve a manifestação de sintomas de défice hídrico em algumas searas instaladas em solos com menor capacidade de retenção de água. Este problema pode, contudo, ser resolvido no caso de vir a ocorrer precipitação ao longo do mês de março. As baixas temperaturas noturnas permitiram um bom enraizamento e afilhamento das searas. Para a aveia prevê-se a manutenção da produtividade alcançada na campanha anterior.

Produção de azeite baixa, mas mantém-se acima de um milhão de hectolitros

Excetuando casos pontuais no interior Norte, a colheita da azeitona/laboração dos lagares já terminou. Registou-se um atraso significativo na maturação dos frutos face ao habitual, resultante de condições meteorológicas adversas que originaram um início de ciclo demorado e uma interrupção do amadurecimento das azeitonas no período das ondas de calor de agosto (com as oliveiras a terem que priorizar as funções vegetativas em detrimento das reprodutivas). O ano de contrassafra foi bastante evidente, com os olivais tradicionais de sequeiro a apresentarem cargas de frutos muito heterogéneas, estimando-se um decréscimo de 25% na produção de azeite, para cerca de 1,1 milhões de hectolitros (ainda assim, a terceira maior produção desde 1986). A qualidade dos azeites produzidos é boa, com baixa acidez e cumprindo elevados parâmetros sensoriais.

De notar que este decréscimo, que se segue ao ano mais produtivo desde que há registos sistemáticos, resulta quer duma redução da produção de azeitona para azeite, quer da diminuição do rendimento da azeitona em azeite (funda), variáveis que nas últimas campanhas se tornaram mais interdependentes (facto a que não será alheia a recente instalação de olivais intensivos e semi-intensivos e a modernização de muitos olivais tradicionais).

Índice de preços de produtos agrícolas no produtor

Em fevereiro de 2019 observou-se uma variação positiva no índice de preços de produtos agrícolas no produtor, da batata (+158,8%), hortícolas frescos (+18,0%). Em comparação com o mesmo período assistiu-se a um decréscimo no índice de preços do azeite a granel (-15,5%), plantas e flores (-5,0%) e frutos (-1,5%). Em relação ao mês anterior verificou-se um acréscimo no índice de preços da batata (+22,0%), azeite a granel (+2,8%) e uma diminuição no índice de preços dos hortícolas frescos (-10,1%), frutos (-6,6%), plantas e flores (-1,9%).

Índice de preços dos meios de produção na agricultura


Em dezembro de 2018 assistiu-se a um aumento de 1,5% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente, causado, principalmente, pela evolução do índice de preços das sementes (+17,9%) e dos adubos e corretivos (+6,6%); em comparação com o mês anterior verificou-se uma variação negativa de 0,7% no índice de preços de bens e serviços de consumo corrente, devida, sobretudo,à redução do índice de preços da energia e lubrificantes (-5,6%). No índice de preços dos bens e serviços de investimento registou-se uma variação de +0,6%, devido, principalmente, ao acréscimo do índice de preços dos tratores (+1,0%); em relação ao mês anterior não foi observada qualquer variação.


1 O índice PDSI (Palmer Drought Severity Index) baseia-se no conceito do balanço da água tendo em conta dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo e permite detetar a ocorrência de períodos de seca, classificando-os em termos de intensidade (fraca, moderada, severa e extrema). Informação constante em IPMA – Boletim Climatológico, fevereiro 2019, in http://www.ipma.pt/resources.www/docs/im.publicaco... mm_co_pt.pdf, consultado em 15 de março de 2019.

2 Informação constante do Boletim de Armazenamento nas Albufeiras de Portugal Continental - Situação das Albufeiras em janeiro de 2019, in http://snirh.apambiente.pt/index.php?idMain=1&idItem=1.3, consultado em 15 de março de 2019

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