INE - Boletim Mensal de Agricultura e Pescas - Março 2019
Foi publicado pelo INE o Boletim Mensal da Agricultura e Pescas - Março 2019.
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Previsões Agrícolas
Preços e índices de preços agrícolas
Clima
No final de fevereiro, o teor de água no solo, em relação à capacidade de água utilizável pelas plantas, registou
uma diminuição face ao final do mês anterior, em particular nalguns locais da região Sul, onde se verificam valores
inferiores a 20%.
Pastagens e forragens com adiantamento no desenvolvimento vegetativo
A ausência de precipitação, associada a uma grande amplitude térmica (baixas temperaturas noturnas e altas temperaturas diurnas), conduziu a um considerável adiantamento no desenvolvimento vegetativo das pastagens e forragens. Este facto, mesmo considerando a regular ocorrência de precipitação durante o mês de março, pode comprometer a normal curva de crescimento de matéria verde dos próximos meses, com naturais implicações no fornecimento de alimentos aos efetivos. Neste momento, duma forma generalizada, os animais continuam sem dificuldades de acesso às pastagens, sendo o recurso a alimentos conservados (palhas, fenos e silagens) e concentrados (rações industriais) considerado normal para a época e muito inferior ao que sucedia no ano passado.
Menor superfície de cereais de inverno dos últimos 100 anos
A esmagadora maioria das sementeiras dos cereais de inverno concluiu-se no final de janeiro, e decorreu sem
incidentes. Prevê-se uma redução, face à campanha anterior, nas áreas instaladas de trigo e triticale (-10%) e de
cevada (-5%).
Este cenário de redução global da área dos cereais de inverno (-5% face a 2018 e -20% face à média dos últimos
cinco anos) posiciona esta campanha como a que regista a menor área dos últimos cem anos.
Produtividade da aveia semelhante à campanha passada
A germinação e emergência dos cereais de inverno decorreu bem, especialmente nas searas que foram semeadas
mais cedo, encontrando-se na fase do afilhamento/início do encanamento. Os povoamentos estão regulares e com
desenvolvimentos vegetativos dentro dos padrões de normalidade. A fraca precipitação ainda não permitiu a total
eficácia da adubação de cobertura e manteve a manifestação de sintomas de défice hídrico em algumas searas
instaladas em solos com menor capacidade de retenção de água. Este problema pode, contudo, ser resolvido no
caso de vir a ocorrer precipitação ao longo do mês de março. As baixas temperaturas noturnas permitiram um
bom enraizamento e afilhamento das searas. Para a aveia prevê-se a manutenção da produtividade alcançada na
campanha anterior.
Produção de azeite baixa, mas mantém-se acima de um milhão de hectolitros
Excetuando casos pontuais no interior Norte, a colheita da azeitona/laboração dos lagares já terminou. Registou-se
um atraso significativo na maturação dos frutos face ao habitual, resultante de condições meteorológicas adversas
que originaram um início de ciclo demorado e uma interrupção do amadurecimento das azeitonas no período
das ondas de calor de agosto (com as oliveiras a terem que priorizar as funções vegetativas em detrimento das
reprodutivas). O ano de contrassafra foi bastante evidente, com os olivais tradicionais de sequeiro a apresentarem
cargas de frutos muito heterogéneas, estimando-se um decréscimo de 25% na produção de azeite, para cerca de
1,1 milhões de hectolitros (ainda assim, a terceira maior produção desde 1986). A qualidade dos azeites produzidos
é boa, com baixa acidez e cumprindo elevados parâmetros sensoriais.
De notar que este decréscimo, que se segue ao ano mais produtivo desde que há registos sistemáticos, resulta
quer duma redução da produção de azeitona para azeite, quer da diminuição do rendimento da azeitona em azeite
(funda), variáveis que nas últimas campanhas se tornaram mais interdependentes (facto a que não será alheia a
recente instalação de olivais intensivos e semi-intensivos e a modernização de muitos olivais tradicionais).
Em fevereiro de 2019 observou-se uma variação positiva no índice de preços de produtos agrícolas no produtor, da batata (+158,8%), hortícolas frescos (+18,0%). Em comparação com o mesmo período assistiu-se a um decréscimo no índice de preços do azeite a granel (-15,5%), plantas e flores (-5,0%) e frutos (-1,5%). Em relação ao mês anterior verificou-se um acréscimo no índice de preços da batata (+22,0%), azeite a granel (+2,8%) e uma diminuição no índice de preços dos hortícolas frescos (-10,1%), frutos (-6,6%), plantas e flores (-1,9%).
Índice de preços dos meios de produção na agricultura
Em dezembro de 2018 assistiu-se a um aumento de 1,5% no índice de preços de bens e serviços de consumo
corrente, causado, principalmente, pela evolução do índice de preços das sementes (+17,9%) e dos adubos e
corretivos (+6,6%); em comparação com o mês anterior verificou-se uma variação negativa de 0,7% no índice de
preços de bens e serviços de consumo corrente, devida, sobretudo,à redução do índice de preços da energia e
lubrificantes (-5,6%).
No índice de preços dos bens e serviços de investimento registou-se uma variação de +0,6%, devido, principalmente,
ao acréscimo do índice de preços dos tratores (+1,0%); em relação ao mês anterior não foi observada qualquer
variação.
1 O índice PDSI (Palmer Drought Severity Index) baseia-se no conceito do balanço da água tendo em conta dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo e permite detetar a ocorrência de períodos de seca, classificando-os em termos de intensidade (fraca, moderada, severa e extrema). Informação constante em IPMA – Boletim Climatológico, fevereiro 2019, in http://www.ipma.pt/resources.www/docs/im.publicaco... mm_co_pt.pdf, consultado em 15 de março de 2019.
2 Informação constante do Boletim de Armazenamento nas Albufeiras de Portugal Continental - Situação das Albufeiras em janeiro de 2019, in
http://snirh.apambiente.pt/index.php?idMain=1&idItem=1.3, consultado em 15 de março de 2019