NASA: 2017 foi o segundo ano mais quente
Estudo mostra que termómetros mundiais registaram, pelo segundo ano consecutivo, temperaturas quase um grau superiores à média entre as décadas de 1950 e 1980; a temperatura é a segunda maior desde 1880.
Enchentes na China, chuvas torrenciais na Índia, ondas de calor na Argentina, 17 tempestades e 10 furacões nas Caraíbas e América do Norte. Estes foram alguns dos efeitos mais agudos do aquecimento global em 2017, que, segundo a Agência Espacial Norte-Americana (NASA), foi o segundo ano mais quente desde 1880, quando as temperaturas começaram a ser monitorizadas com instrumentos mais modernos.
O estudo da agência, divulgado na passada quinta-feira (18), mostra que os termómetros em 2017 registaram uma temperatura média 0,9 grau Celsius mais elevada do que entre 1951 e 1980 (média de 14ºC ), ficando somente atrás de 2016, o ano mais quente até aqui. Apesar de aparentemente pouco interferir na sensação térmica do quotidiano, o aumento de apenas um grau na temperatura exige enorme massa de calor para aquecer oceanos, atmosfera e superfície terrestre. No passado, segundo a NASA, bastou queda de um ou dois graus para lançar a Terra na ‘pequena’ Idade do Gelo. Há 20 mil anos, um arrefecimento de cinco graus enterrou boa parte da América do Norte, sob uma enorme massa de gelo.
Por outro estudo, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), ligada ao Departamento de Comércio dos Estados Unidos, concluiu que 2017 foi o terceiro ano com temperaturas mais elevadas no planeta. A pequena diferença no ranking da NOAA e da NASA deve-se aos diferentes métodos utilizados para análise das temperaturas globais, mas, no longo prazo, haverá uma convergência dos dados.
As duas agências concluem que todos os cinco anos mais quentes em praticamente um século e meio foram registados a partir de 2010. O mapa animado abaixo mostra a evolução das temperaturas nos últimos 137 anos.
Segundo a agência espacial, o levantamento tem nível de certeza de 95%. “Apesar de temperaturas mais baixas serem registadas aqui ou ali, o clima do planeta, como um todo, continua com uma tendência de aquecimento rápido nos últimos 40 anos”, disse o diretor do instituto meteorológico GISS, da NASA, Gavin Schmidt.
Num século, a temperatura média da atmosfera terrestre subiu pouco mais de 1ºC, fenómeno que estaria relacionado com a emissão de dióxido de carbono e outros poluentes causados pela ação humana. O ano passado foi o terceiro consecutivo em que as temperaturas ficaram 1ºC acima dos níveis do final do século anterior.
Fenómenos como o El Niño e o La Niña, que aquecem ou refrigeram as águas do Oceano Pacífico e impactam nos ventos e padrões climáticos, acabam por ter um efeito de curto-prazo nas temperaturas médias globais. O efeito de aquecimento do El Niño durou a maior parte de 2015 e o primeiro trimestre de 2016. No entanto, mesmo sem o El Niño, e com o La Niña tendo começado nos últimos meses de 2017, as temperaturas do ano passado mantiveram-se em patamares elevados. Quando são retirados das estatísticas os efeitos do El Niño e do La Niña, 2017 passa a ser o ano mais quente de todos.
O aquecimento não afeta na mesma intensidade todas as regiões da Terra. O calor tem sido mais forte nas regiões polares, que em 2017 continuaram a derreter os seus glaciares.
O sistema de análise do clima da NASA utiliza medições de 6300 estações, equipamentos de navios, boias marítimas e estações de pesquisa na Antártida. Um algoritmo processa os dados, descontando efeitos das “ilhas de calor” urbanas que poderiam distorcer as conclusões.