publicado a: 2020-01-28

Yacon, o tubérculo que ajuda a regular a glicémia, já é produzido em Portugal

O projeto Yacon Portugal nasce da curiosidade pela diversidade vegetal há cerca de 7 anos. São dois sócios que fizeram a “transição” do litoral para o interior. A experimentação de novas culturas agrícolas tornou-se um hábito rotineiro. Entre as novas espécies que experimentaram no interior beirão e que se adaptou razoavelmente bem, foi o yacon, uma planta nativa dos Andes.

Trata-se de uma planta da família Asteraceae, tal como o girassol ou a alcachofra, com um ciclo vegetativo de mais de 8 meses. Inicia o seu ciclo na primavera e tem um desenvolvimento foliar muito intenso, chegando a atingir mais de 2 metros de altura. Apresenta folhas largas, de borde dentado e forma triangular e inicia a floração em Agosto. A flor tem uma cor amarela intensa e é minúscula. Produz sementes em pouca quantidade e com baixo poder germinativo. O yacon, que não é mais do que raízes tuberosas desta planta, pode ser recolhido depois de 7 a 8 meses de cultivo. Na prática, em finais de outubro, o produto pode começar a ser colhido e geralmente o período de colheita estende-se até março.

A potencialidade do yacon e as suas características únicas no mundo vegetal foram um estímulo para Luís Neto e Jorge Pena apostarem no produto e, ano após ano, fazerem crescer a plantação. É reconhecido o benefício do yacon na alimentação regular do diabético. O yacon é um produto de nicho, interessante para o crescente grupo de consumidores diabéticos na Europa. O seu baixo índice glicémico (IG) e o nível de frutooligossacarídeos (FOS) tornam-no um produto atrativo. O yacon contém poucas calorias porque a sua doçura vem de açúcares que o corpo humano é incapaz de metabolizar, ao contrário da maioria da fruta. É a fonte vegetal, com um teor mais elevado de frutooligossacarídeos, um tipo específico de açúcares, de baixo conteúdo calórico que não eleva a glicose do sangue, pois não é absorvido.

Este tipo de açúcar (FOS) corresponde a 40% a 70% (% em base seca) do yacon. No cólon, os FOS são completamente fermentados pelos probióticos, um grupo de bactérias benéficas que fazem parte da microflora intestinal. Estas bactérias (especialmente algumas espécies do género Lactobacillus bifidus) contribuem para melhorar a função gastrointestinal e aliviar vários distúrbios digestivos. Além disso, os FOS são reconhecidos como um tipo de fibra solúvel, que geram vários efeitos favoráveis sobre a digestão: aumentam o peristaltismo, reduzem o tempo de trânsito intestinal, contribuem para que o bolo alimentício retenha mais água, e têm um efeito osmótico associado a uma resposta laxante. Estes efeitos podem contribuir para prevenir e controlar a prisão de ventre.

E, de acordo com uma nova e importante alegação de saúde, os fabricantes de alimentos que usem o FOS nos seus produtos, podem fazer alegações de saúde, como "estabiliza a glicemia" ou "regula a glicose no sangue". O produto deve ser consumido cru como uma fruta, em saladas ou sumos e, para quem é diabético, deverá ser consumido a acompanhar a principal refeição do dia.

A exploração do projeto Yacon Portugal situa-se no interior beirão, a norte do distrito de Coimbra. Neste momento e formalmente, toda a área agrícola está em modo de produção biológico. Algo que os sócios sempre consideraram relevante e que sempre defenderam, e que os nossos clientes também expressam como requisito relevante. Segundo os produtores trata-se de “uma produção sustentável, com uma adequada gestão dos recursos existentes, em modo de produção não intensivo e ao ar livre.”

A plantação do yacon tem vindo a ocupar uma cada vez maior área, acompanhando as solicitações do mercado onde estão a apresentar o produto. Os produtores gostariam de realçar que “este projeto foi alcançado sem qualquer apoio estatal ou de fundos europeus”.

Segundo os produtores, “esta cultura requer muito trabalho, especialmente na colheita. O yacon é uma raiz tuberosa muito frágil, e na colheita existem sempre muitas quebras inevitáveis, o que implica que este trabalho seja quase exclusivamente manual. O solo requer características específicas, as necessidades de rega são exigentes e dada a altura da planta a localização da cultura não pode estar exposta a eventuais ventos fortes. Uma vez que não existem muitas referências sobre este cultivo, esta produção foi sempre baseada em erros e experimentações ao longo dos últimos 7 anos, até atingirmos valores razoáveis de produtividade.”

No projeto Yacon Portugal, o escoamento da produção é feito por duas formas: o produto é sobretudo colocado nas lojas de retalho bio de todo o país, sendo a outra via para clientes particulares através de encomenda on-line.

Sendo um produto novo e muito pouco conhecido do público em geral, a divulgação do mesmo tem sido essencialmente feita através de degustações e formação aos colaboradores das lojas de venda ao público. Sendo um produto natural do qual não existe exclusividade, esta promoção do yacon tem sido feita com muito esforço e determinação, mesmo os produtores sabendo que pode ser inglório.

A expansão para mercados externos de maior proximidade tem sido um objetivo dos produtores, provavelmente ainda concretizável em 2020.

Pretendem igualmente entrar em parcerias para disponibilizar subprodutos do yacon.

Afirmam também que não estão ainda a conseguir atingir a população diabética, o seu cliente-alvo, sendo que a promoção do produto neste público, é o seu principal objetivo.

O “Prémio Nacional de Agricultura” 2019 que obtiveram, “vem sobretudo reconhecer o esforço de inovação quer a montante na plantação da cultura (que desconhecíamos) quer a jusante na colocação do produto no mercado e não deixaremos de o aproveitar para divulgar o produto. Reconhece a seriedade e o profissionalismo com que abordamos este projeto, o que para nós é muito importante para o consolidar.”

Referem ainda que a diversidade vegetal é imensa. Existem outros produtos com algum interesse comercial e que podem preencher certos nichos de mercado e que neste momento estão a ser avaliados pelos produtores. Desta experiência com o yacon, os sócios retiram que a inovação e o esforço de colocação de um produto novo no mercado é bastante árduo. Requer uma constante experimentação em termos agrícolas e uma atenção redobrada do produto no mercado, para evitar erros ou inadequados manuseamentos, preservações e utilizações.

Mas a resposta positiva dos clientes que apreciam o sabor subtil e agradável do produto, segundo alguns, uma mistura de sabores e textura entre a pera, melão e cenoura, dá-lhes força para continuar a apostar neste produto e eventualmente em outros de idêntico potencial.

Conheça a Yacon Portugal em https://yaconportugal.com/ e https://www.facebook.com/yaconportugal/

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