publicado a: 2019-07-03

3,5 milhões para projeto que quer reduzir impactos de pesticidas na Europa

O projeto europeu OPTIMA, com "o objetivo de desenvolver soluções inovadoras que permitam reduzir os impactos negativos do uso de pesticidas no cultivo de fruta e vegetais", foi financiado pela União Europeia com 3,5 milhões de euros, através do programa Horizonte 2020, anunciou hoje, numa nota enviada à agência Lusa, a Universidade de Coimbra (UC).

PORTUGAL TAMBÉM PARTICIPA

O Optimised Pest Integrated Management to precisely detect and control plant diseases in perennial crops and open-field vegetables (OPTIMA), está a ser desenvolvido por "cientistas, empresários, produtores e associações de agricultores" de Espanha, França, Grécia Holanda, Itália e Portugal, reunidos, para o efeito, em consórcio.

O estudo envolve uma dezena de investigadores das faculdades de Ciências e Tecnologia (FCTUC) e de Economia da UC (FEUC).

Os cientistas da equipa de Coimbra integram três grupos de investigação: o Centro para a Ecologia Industrial (coordenados por Fausto Freire), o Centro de Ecologia Funcional da FCTUC (coordenados por José Paulo Sousa) e o CeBER/Centro de Investigação em Economia e Gestão da FEUC (coordenados por Luís Dias).

Com esta verba, o consórcio liderado pela Universidade de Agricultura de Atenas, Grécia, está a desenvolver "uma abordagem integrada e holística para a gestão do problema dos pesticidas, avaliando todos os aspetos críticos relacionados com a sua utilização no cultivo de fruta e vegetais, assente em quatro pilares: previsão, deteção, seleção e aplicação", afirma a FCTUC.

Pretende-se "melhorar o tipo de pesticidas disponíveis no mercado e a forma como eles são aplicados na agricultura, introduzindo novos biopesticidas (bio-PPPs, substâncias produzidas a partir de micro-organismos ou de produtos naturais para o controle de pragas) e técnicas inteligentes de pulverização", explicita Fausto Freire, coordenador da equipa portuguesa e docente do Departamento de Engenharia Mecânica da FCTUC.

O objetivo é "aumentar a segurança alimentar e reduzir os impactos para a saúde humana e ambiente", sintetiza o investigador, citado por aquela Faculdade.

A primeira fase do estudo, com duração de três anos, "tem como enfoque a investigação e avaliação de pesticidas biológicos e sintéticos (químicos), bem como o seu uso combinado para maximizar o sucesso no controle de doenças e pragas".

O desenvolvimento de "modelos capazes de prever o surgimento de pragas nas culturas e ainda o desenvolvimento de novas tecnologias inteligentes de pulverização", são igualmente propósitos desta fase da investigação, refere a FCTUC.

As soluções conseguidas pelas várias equipas do consórcio serão agregadas e posteriormente testadas em três culturas selecionadas -- cenouras (em França), pomares de maçã (em Espanha) e vinha (em Itália) --, em diferentes campos, com a colaboração de cooperativas de agricultores.

DE COIMBRA PARA A EUROPA

A equipa de Coimbra avaliará, posteriormente, os riscos para a saúde humana e ecossistemas, assim como "os impactos ambientais e socioeconómicos do sistema OPTIMA, em comparação com os sistemas tradicionais".

Essa abordagem inclui a 'avaliação de ciclo de vida' (impactos diretos e indiretos desde a produção até ao consumo), a 'análise de risco' e a 'análise de decisão multicritério'.Os resultados do projeto irão contribuir claramente para "diminuir a dependência da agricultura europeia em relação aos PPPs químicos (pesticidas convencionais)", acredita Fausto Freire.

"O OPTIMA irá fornecer um sistema integrado mais eficiente e sustentável para controlar doenças e pragas, o que contribuirá para diminuir consideravelmente as concentrações de resíduos de PPPs na fruta e legumes, reduzindo os riscos e impactos na saúde humana e no ambiente", conclui o especialista.

Comentários