A fitossanidade da cultura do Pistácio
Embora haja referências à cultura do pistácio, do género Pistacia, na Península Ibérica há cerca de 2000 anos, na verdade só agora se começam a dar os primeiros passos em Portugal na instalação de pomares desta cultura.
A Europa é grande consumidora deste fruto seco, mas deficitária na produção.
Entre os principais produtores estão o Irão, Turquia, Estados Unidos (principalmente na Califórnia), Austrália e China. Na Europa, contam-se a Espanha (em particular na região Castela la Mancha), Itália, Grécia e Chipre.
Trata-se de uma espécie rústica, capaz de se desenvolver em vários tipos de solos (pobres, calcários, altamente alcalinos, ou ligeiramente ácidos) mas prefere solos franco-arenosos, calcários, fundos, com boa drenagem e pH entre 6 e 8. (Couceiro, J.F. et al).
Precisa de muito frio no Inverno e calor no Verão, sendo as geadas tardias e solos encharcados, sem drenagem, dois grandes obstáculos para a sua implantação e produção.
Portugal parece ter boas condições para a produção deste delicioso fruto seco, nomeadamente em Trás-os-Montes, Beira Interior e Alentejo Interior.
Fitossanidade da cultura
A proteção fitossanitária começa muito antes da instalação. Sendo esta uma cultura praticamente desconhecida entre nós, é aconselhável:
- Visitar explorações em Portugal e no estrangeiro, principalmente com o mesmo tipo de condições edafo-climáticas assim como participar em workshops e cursos relacionados com a cultura;
- Colher amostras de terra para análise físico-química e nematodológica e proceder às correções recomendadas pelo laboratório de análises.
- Verificar as condições de drenagem e dotação de água e corrigi-las se necessário. O pistácio não tolera solos encharcados.
- Escolher as variedades, porta-enxertos, compassos e tipo de exploração (sequeiro ou regadio), tendo em conta as características do clima e do solo na região onde será implementado o pomar.
Resolvidas estas questões, o combate aos inimigos da cultura, seguindo os princípios da proteção integrada, requer muita observação para determinar a necessidade e oportunidade de intervenção. Deve-se ter em atenção estes princípios obrigatórios:
- estimativa de risco, nível económico de ataque (N.E.A.) e tomada de decisão. Esta deve ter em conta os fatores de nocividade, bióticos (auxiliares) e abióticos (clima, entre outros.), que possam intervir na determinação do risco.
- Deve-se registar o desenvolvimento biológico das plantas (fenologia e saúde) e dos seus inimigos. Devemos ter em atenção que num pomar de pistácio, convivem imensos organismos potenciais agentes de doenças (fungos, bactérias) e de pragas (insetos, ácaros, nemátodos).