publicado a: 2017-09-11

Acidentes com tratores são uma "tragédia", mas não há dinheiro para novos

Tratores acidentados nos últimos anos, que provocaram dezenas de mortos e centenas de feridos, têm em média 21 anos.

Trinta mortos, 64 feridos graves e quase trezentos feridos ligeiros em apenas dois anos, entre 2015 e 2016, estão a levar o Estado a avançar com uma série de medidas para travar os acidentes com tratores.

Uma resposta enviada pelo Ministério da Administração Interna ao Parlamento adianta que os tratores acidentados nos últimos seis anos tinham, em média, 21 anos. Entre outras medidas em curso, o Instituto da Mobilidade e dos Transportes está a estudar a viabilidade de passarem a ser feitas inspeções obrigatórias aos tratores recorrendo a Centros de Inspeção Móveis.

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) adianta que atualmente os tratores não estão sujeitos a qualquer avaliação periódica.

O presidente da CNA, João Diniz, acredita que os acidentes com tratores são a maior "tragédia" da agricultura familiar portuguesa, numa verdadeira "vergonha nacional" face aos números de mortos e feridos graves, que exige uma campanha nacional de esclarecimento.

A CNA admite que, na teoria, fazer as inspeções obrigatória, como se fazem aos carros, parece bom, mas o problema é que a esmagadora maioria dos agricultores portugueses são pequenos e médios produtores que não têm dinheiro para comprar novos veículos ou fazer reparações caras.

Além disso, como revelam os números da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária referidos na resposta do Governo, 76,6% dos mortos e quase 60% dos feridos graves têm mais de 60 anos, com grande parte destes (respetivamente, 43,3% e 37%) a terem mesmo mais de 70 anos.

Sinais, como defende a CNA, de que a grande maioria dos agricultores portugueses e dos abrangidos por estas inspeções obrigatórias aos tratores são pessoas idosas sem meios financeiros.

Além de avaliar a obrigatoriedade de inspeções aos tratores, as autoridades têm em curso várias ações de sensibilização, por exemplo através da distribuição de 40 mil folhetos.

A Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural está ainda a preparar dois cursos, de 50 e 35 horas, para melhorar os conhecimentos de quem conduz estas máquinas agrícolas.

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