publicado a: 2015-11-17

Agricultura atraiu €10 mil milhões em cinco anos

O investimento em projetos agrícolas e agro-industriais somaram €10 mil milhões desde 2010. O sector cresceu em contraciclo com o resto da economia e abriu 80 novos mercados para as exportações

Nos últimos cinco anos foram investidos €10 mil milhões no sector agrícola e agroindustrial. Só ao abrigo do antigo Proder (Programa de Desenvolvimento Rural), que terminou em 2014, o investimento acumulado ascendeu a €5,8 mil milhões, dos quais €3 mil milhões em subsídios. O restante foi investimento privado.

Os dados fornecidos ao Expresso pelo Ministério da Agricultura atestam ainda que, só da parte de jovens agricultores, foram investidos mais de €1000 milhões, dos quais €627 milhões alavancados por apoios europeus.
Em média, desde 2010, foram aplicados €500 milhões por ano em projetos agrícolas e €1500 milhões/ano em explorações agroindustriais.
As áreas da floresta e do regadio estiveram entre as mais concorridas para novos investimentos, com €642 milhões e €628 milhões, respetivamente, só ao abrigo do Proder.


Crescer em contraciclo

São números nunca vistos nesta área de atividade em Portugal e que colocaram o sector a crescer em contraciclo com o resto da economia, nomeadamente nos anos 2011 a 2013, no pico da crise. Enquanto a economia no seu todo passava por uma recessão profunda (a cair 3,2% em 2012), a agricultura registava crescimentos da ordem dos 2,8% ao ano.
Foi também durante esses anos mais críticos que, em cada empresa que fechava, abriam outras sete no sector. No país inteiro batiam-se recordes de desemprego, mas nos campos havia (e continua a haver) falta de mão de obra. Muitos empresários agrícolas recorreram a ainda recorrem a mão de obra importada não apenas dos países do Leste europeu mas também da Ásia, com a Tailândia e o Paquistão à cabeça.
Nos últimos quatro anos, o défice alimentar caiu à razão de €400 a €600 milhões por ano. A taxa de cobertura das importações pelas exportações relativa ao período de janeiro-agosto deste ano, para os produtos agroalimentares, bebidas e tabaco, passou de 62,5% (em 2014) para 64,5% (em 2015).


Exportações crescem 7,2%

As exportações agroalimentares aumentaram 7,2% entre janeiro e setembro deste ano, de acordo com a secretaria de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar (SEAIA). Isto num contexto de fecho dos mercados russo e também angolano, embora por motivos diversos. O primeiro devido ao embargo à compra de produtos europeus e o segundo devido à crise económica provocada pela quebra do preço do petróleo nos mercados internacionais. As exportações portuguesas para Angola caíram 28,9% durante os primeiros 10 meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2014.
Outro constrangimento mais recente às exportações alimentares nacionais tem a ver com o Brasil, também envolto em crise económica e social. Muitas das empresas portuguesas que vendem para aquele país estão a receber tardiamente os pagamentos pelos produtos exportados ou, em alguns casos, nem sequer recebem.
Nuno Vieira e Brito, que geriu a ‘pasta’ do agroalimentar deste o início de 2013, garante que, apesar de tudo, a tendência de crescimento foi reforçada em setembro, com Portugal a exportar €560 milhões (um aumento de 20% face ao mês anterior), e espera que as vendas ao exterior voltem a ultrapassar os €6 mil milhões em 2015, como, de resto, aconteceu no ano passado.


Mais de 80 novos mercados abertos

Dados da SEAIA indicam ainda que, nos últimos anos, Portugal abriu mais de 80 mercados à exportação de 222 produtos ou grupos de produtos.
A carne, a fruta e os produtos hortícolas foram os que mais cresceram face a setembro de 2014 (30%), seguindo-se os produtos da pesca (17%) e alimentares (5%).
O mercado europeu continua a ser o principal motor deste crescimento, destino de €3,2 mil milhões nos primeiros nove meses do ano, com França e Alemanha à cabeça, para onde as vendas cresceram 30% e 41,5% respetivamente. Para fora do espaço comunitário foram exportados €1,2 mil milhões nos primeiros nove meses de 2015, com os mercados da América Latina a liderar.


Fonte: Expresso

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