APH reuniu 175 especialistas em Faro para debater o futuro da Horticultura Biológica
A Associação Portuguesa de Horticultura (APH) reuniu 175 investigadores, técnicos e empresários na Universidade do Algarve, de 17 a 19 de Março, para debater o futuro da Horticultura Biológica. Cerca de 20 empresas associaram-se como patrocinadores do IV Colóquio Nacional de Horticultura Biológica.
A área dedicada à Agricultura Biológica (AB) na Europa é de 10 milhões de hectares, sensivelmente a dimensão geográfica de Portugal. No espaço de uma década o valor das vendas cresceu 11%, atingindo 22,2 mil milhões de euros (em 2013) e a procura de alimentos biológicos continua a aumentar. Portugal é deficitário na produção de alimentos biológicos, nomeadamente hortofrutícolas frescos, existindo por isso potencial para aumentar a produção nacional em Modo de Produção Biológico (MPB).
No IV Colóquio Nacional de Horticultura Biológica diversos empresários e agricultores partilharam as suas experiências, falaram dos desafios técnicos da produção e das estratégias de marketing e vendas. Entre as empresas presentes estiveram: a Herdade do Esporão (200 hectares de vinha e 80 hectares de olival em MPB), a Biofrade (2800 toneladas/ano hortícolas em MPB), a Horticilha, (7 hectares tomate e pepino biológico), a Herdade dos Lagos (1000 hectares com vinha, olival, alfarroba, ovelhas em MPB) e o Cantinho das Aromáticas.
Os oradores deixaram um tom de otimismo sobre o aumento da procura de alimentos biológicos. «O mercado biológico cresce a ritmo elevado, estão a surgir muitas lojas bio. Estamos muito otimistas quanto ao futuro na componente da produção, porque tudo o que é importado pode ser produzido em Portugal. A oportunidade está sobretudo nos produtos transformados», afirmou Pedro Gonçalves da Mercearia Bio, empresa de Portimão, cujas vendas cresceram 35% em 2015.
No Colóquio foram atualizados os desenvolvimentos da investigação científica em AB, decorridos nos últimos 4 anos, tendo-se discutido novas perspetivas de fertilização, de conservação do solo, a utilização da limitação natural na proteção das culturas e dos nematodes, não só como inimigos das culturas, mas também com
«Os temas antropológicos, sociológicos e históricos ligados à alimentação e à AB mereceram neste Colóquio um destaque científico sem precedentes, revelando a interiorização da perspetiva interdisciplinar, complementar aos conhecimentos agronómicos e económicos, que preside hoje à resolução dos problemas societais», afirma Domingos Almeida, presidente da APH.
Horticultura Biológica e Sociedade
Na sessão sobre Horticultura Biológica e Sociedade foram vários os exemplos de projetos nacionais e estrangeiros que usam a Horticultura como forma de intervenção social: a Horta do Saber, em Braga, capacita população desempregada através da produção de hortícolas em MPB, facultando- lhe um meio de subsistência e de valorização pessoal. No Norte da Guiné Bissau, a ONG Vida trabalha com a etnia felupe, desenvolvendo competências nas comunidades locais para produção de hortícolas, uma via para melhorar o rendimento, a dieta alimentar e a saúde dos agregados familiares.
O Colóquio encerrou com um jantar onde a Associação Portuguesa de Horticultura homenageou 6 personalidades que se destacaram nas suas contribuições académicas, técnicas ou empresariais para o desenvolvimento da Agricultura Biológica em Portugal. Foram atribuídos os seguintes títulos honoríficos:
Horticologa de Honra
Isabel Mourão, docente e investigadora da Escola Superior Agrária de Ponte de Lima e membro da Direção da APH
Horticultor de Honra
Conceição Cabral, sócia-gerente da empresa Quinta do Freixo
Vítor Gomes, sócio-gerente da empresa Biofrade
Técnico Hortícola de Honra
Jorge Ferreira, sócio-gerente da empresa Agrosanus
Luís Alves, sócio-gerente da empresa Cantinho das Aromáticas
Maria Mendes Fernandes, técnica da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve e sócia Nº22 da APH (1a mulher sócia da APH)
No sábado, dia 20 de Março, decorreu uma visita técnica a 2 explorações em MPB: à Quinta da Rosa (produtora de uva e vinho bio) em Silves, e à Quinta das Seis Marias (6 hectares de morangos, couves, feijão-verde, tomate, citrinos e abacates, em estufa e ar livre).
O V Colóquio Nacional de Horticultura Biológica já está agendado para Viseu, em 2019.