Apoios prometidos ainda não chegaram aos agricultores afetados pelo granizo
Três semanas depois do temporal que arrasou vários pomares e vinhedo no norte do distrito de Viseu, as prometidas ajudas do Governo ainda não chegaram ao terreno. A ministra da Agricultura prometeu, numa passagem por Moimenta da Beira há 15 dias, “medidas imediatas”, mas esses auxílios continuam por entregar.
Tarouca foi um dos concelhos mais afetados pelo granizo que se fez cair na região. O presidente da Câmara e da cooperativa Régiefrutas, Valdemar Pereira, confirma ao Jornal do Centro que os apoios não foram ainda atribuídos aos fruticultores e diz que está a ser feita uma recolha dos prejuízos dos produtores da região.
“Ainda não chegou nenhum tipo de apoio. Agora, estamos a levar uma folha aos agricultores que têm prejuízo para retificar quanto o têm e, assim, mandarmos para o Ministério da Agricultura”, explica.
Em Tarouca, os prejuízos são superiores a 2,4 milhões de euros. Valdemar Pereira diz que os produtores de maçã foram os mais afetados pelo temporal no concelho.
“Isto é mal, sobretudo para aqueles que têm a produção de mapa. Só aí, o prejuízo é de 2,1 milhões. Há pomares onde atingiu os 80 aos 90 por cento de prejuízo. Eles estão a pensar na prevenção e para a necessidade de redes de cobertura, que é o que reclamam mais neste momento”, diz.
O autarca acrescenta que a produção de sabugueiro sofreu perdas na ordem dos 20 por cento, mas garante que a campanha deste ano não vai ser muito afetada.
Os produtores associados da Cooperativa Agrícola do Távora, sediada em Moimenta da Beira, também ainda estão à espera das prometidas ajudas. Ao Jornal do Centro, o presidente da organização, João Silva, diz compreender o atraso do Estado.
“Gostava que os apoios tivessem chegado no dia seguinte, mas isto tem burocracias e obriga a análises com alguma profundidade. Estamos a falar de muito dinheiro. Não é uma coisa paliativa que resolva o problema, mas tem de ser enquadrada numa medida muito estrutural e saber do que os agricultores têm de dispor. Estamos a aguardar, mas compreendo que tem de demorar o seu tempo. O Governo e todos os intervenientes sabem do que aconteceu”, afirma.
João Silva acredita ainda que, depois do que viu, a ministra da Agricultura vai apoiar a instalação de redes anti-granizo na região e lembra que, sem coberturas, os pomares estão ameaçados.
“Temos de aguardar que a ministra, tendo conhecimento do que aconteceu, comparando o pomar coberto com o pomar não-coberto e fazendo a respetiva análise, fique com a ideia de que, com o que se está a passar de clima e as alterações climáticas cada vez mais vingadas e marcantes, tem de haver uma solução para a região. Senão, isto desaparece”, conclui.