Boas rainhas tornam as explorações mais produtivas
Como Cooperativa Agrícola de referência na região da Grande Lisboa, a CAL (Cooperativa Agrícola de Loures) decidiu apoiar também a vertente apícola.
Naturalmente o melhoramento e seleção de abelhas de raça autóctone faz parte deste apoio.
Neste âmbito, a CAL proporciona nas suas instalações a formação necessária aos apicultores, e a criação de raínhas é pois essencial. Boas rainhas tornam as explorações mais produtivas. E a CAL, com a sua sala de formação e com as novas instalações da melaria, quer isso mesmo!
A criação de rainhas deve acontecer sob condições climatéricas favoráveis, sendo que estas geralmente ocorrem entre meados de março e fim de junho, pois é neste período que abunda a comida e que as condições de desenvolvimento dos enxames são as melhores. Altura em que é também propícia a boa fecundação das jovens raínhas, que após nascerem têm de encontrar em pleno ar os machos (zangãos), fecundando livremente com cerca de uma dúzia de machos.
Para as rainhas é absolutamente essencial uma boa fecundação, havendo portanto a necessidade de condições climatéricas favoráveis e machos abundantes e bem alimentados. Estas condições supõem mais de 18ºC e tempo estável. Caso contrário as rainhas podem ser levadas pelo vento ou encontrarem-se com uma chuvada fria e não conseguirem regressar ao seu enxame. Algo que quando ocorre deixa a colmeia às portas da morte, pois não existindo ovos ou larvas com menos de 48h, implica a impossibilidade de criar nova rainha e portanto a morte lenta do enxame, através da senilidade e não renovação geracional.
Na componente de“criação” da larva desde o ovo até à eclosão da rainha, medeiam apenas 16 dias,sendo essencial o timing de cada operação. Mas as abelhas são verdadeiras profissionais, e desde que lhes seja proporcionada alimentação abundante e exista uma população abundante de abelhas amas (jovens abelhas), nada temos a temer! Elas farão excelentes rainhas.
Utilizamos preferencialmente larvas com menos de 24h de vida
Durante os 16 dias que medeiam entre ovo e nascimento, a rainha passa por três fases distintas. Ovo – dura aproximadamente 3 dias, Larva do 4º ao 8º dia, altura em que se entra na fase final de realeira selada. Deste ponto em diante, as realeiras podem ser colhidas e colocadas numa estufa para que a eclosão ocorra em condição mais controlada e lhes sejam proporcionadas amas. A temperatura, humidade e amas jovens e bem nutridas são essenciais para que a jovem rainha possa chegar ao apicultor nas melhores condições físicas.
A única componente que não conseguimos controlar é a do transporte. Pelo que as transportadoras deveriam ter para com estes insectos um cuidado bastante grande, visto que hoje em dia começa a perceber-se que muitas vezes as condições de temperatura no transporte até ao apicultor irão influenciar a viabilidade e longevidade das rainhas. Este é o passo que falta! E daí ser aconselhável que sempre que possível o apicultor faça a recolha aqui nas nossas instalações.
É portanto um processo simples, mas que requer um planeamento antecipado e muito competente por parte do apicultor, e uma pequena ajuda por parte de São Pedro, aquando da fecundação, que ocorre geralmente ao 6º dia pós eclosão.
Na CAL apoiamos os apicultores tanto na componente de formação como no fornecimento de rainhas selecionadas.
Afonso Silva
Cooperativa Agrícola de Loures
Publicado na Voz do Campo n.º 217 (julho 2018)