Canalizados 29M para converter de agricultura tradicional em biológica
O Orçamento do Estado tem inscritos 29 milhões de euros ao serviço da conversão de agricultura tradicional em agricultura biológica ou para a criação de novos negócios tendo por base a agricultura biológica, afirmou ontem a ministra da Agricultura.
"Em 2018, capitalizávamos já 250 mil hectares de terreno com agricultura biológica, mas isso apenas representa 7% da superfície agrícola utilizada, o que é muito pouco. Estimamos que este ano vamos chegar aos 300 mil hectares. Mas mesmo assim é pouco e temos de ir mais longe", afirmou Maria do Céu Albuquerque.
A governante falava em Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, onde se deslocou no âmbito da construção da Agenda de Inovação e visitou a empresa Sementes Vivas.
Para Maria do Céu Albuquerque, ao promover-se a agricultura biológica sabe-se que a água vai ser utilizada de forma mais eficiente e o solo vai ser preservado sem a utilização de pesticidas, o que contribui para garantir a sustentabilidade de todo o sistema.
"A agricultura biológica tem para nós uma importância capital. Se assim não fosse não tinha no Orçamento do Estado 29 milhões de euros ao serviço da conversão de agricultura tradicional em agricultura biológica ou para a criação de novos negócios tendo por base a agricultura biológica", sustentou.
A ministra sublinhou que cada vez mais há uma tendência do consumo para produtos que estejam ligados a modos de produção sustentável.
"Começa a haver esta tendência e vontade do consumidor, mas também ainda não conseguimos ter um valor justo para o consumidor. Temos de criar condições para que a agricultura biológica possa produzir, em quantidade e qualidade, mas também a preços acessíveis, para que qualquer pessoa possa aceder a este tipo de produto. E é fundamental que o possamos fazer", frisou.
A governante assistiu ainda à assinatura de um protocolo de parceria de agricultura e produção biológica, o 'Organic Farming', que envolve sete entidades: Câmara de Idanha-a-Nova, Instituto Politécnico de Castelo Branco, Universidade de Coimbra, empresa Sementes Vivas, Centro Municipal de Cultura e Desenvolvimento de Idanha-a-Nova, o instituto suíço FIBL e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária.
O protocolo visa a criação de um centro de experimentação aplicada no domínio da agricultura biológica, agregando cerca de 800 hectares de terreno e de infraestruturas, onde várias empresas desenvolvem a sua atividade agrícola, utilizando o centro de formação existente na herdade do Couto da Várzea, no concelho de Idanha-a-Nova.
O objetivo passa por potenciar a agricultura biológica e a produção em três eixos de intervenção interligados entre si: investigação aplicada e inovação, formação, capacitação e experimentação, e desenvolvimento experimental.
"O contributo que os vários parceiros subscreveram, o compromisso que firmaram é no sentido de garantir a sustentabilidade deste território e do nosso país. Temos de ter esta perceção. São iniciativas assim, locais, que vão fazer a diferença", concluiu Maria do Céu Albuquerque.