CAP alerta para custos de produção que impedem crescimento da agricultura nacional
Confederação dos Agricultores de Portugal salienta que sustentabilidade económica do sector exige custos mais baixos.
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) alertou para o esmagamento das margens que impede o crescimento da produção nacional, sublinhando que a sustentabilidade económica da agricultura portuguesa exige custos de produção mais baixos.
O presidente da CAP, João Machado, disse à Lusa que a questão dos custos de produção elevados e dos preços de venda baixos devido à concentração da comercialização foram temas enfatizados na reunião realizada na Chamusca, com associações de produtores do distrito de Santarém.
O encontro com dirigentes associativos do Ribatejo foi o segundo dos sete Conselhos Consultivos Regionais que a CAP vai realizar ao longo do mês de janeiro e que este ano têm a novidade de decorrerem ao longo de todo o dia, com a parte da tarde a ser dedicada a uma visita de campo.
No caso do Ribatejo, à reunião que se realizou de manhã na Chamusca seguiu-se uma visita a uma agroindústria situada em Alpiarça, a Monliz, onde ficou patente a dificuldade de abastecimento com produtos nacionais, apesar da preferência do mercado europeu dada a sua qualidade, disse.
“Os clientes preferem os produtos portugueses, mesmo mais caros”, mas, apesar de a agricultura ribatejana ser “bastante empresarial”, não consegue fornecer esta unidade industrial em pleno, salientou.
João Machado apontou como exemplo os brócolos que a Monliz importa de zonas espanholas junto à fronteira, dada a incapacidade de os produtores locais competirem com os preços aí praticados.
“Esta é uma área que tem que ser mais tratada. Para crescer, os custos de produção têm que ser mais compatíveis”, disse, salientando os custos com impostos, energia, gasóleo, água, consideravelmente superiores aos suportados pelos produtores espanhóis.
Por outro lado, apontou o esmagamento das margens na comercialização que “traz problemas a uma agricultura que tem qualidade” mas que se vê impossibilitada de competir.
João Machado afirmou que, a exemplo do que aconteceu na primeira reunião, realizada quinta-feira em Alcobaça, também hoje foi sublinhado pelos dirigentes associativos os atrasos nos pagamentos no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural.
“Apesar de o senhor ministro dizer que está tudo em dia, o facto é que não está”, disse.
O Orçamento do Estado, programas como o “Portugal Sou Eu” e a participação em eventos nacionais como a Feira Nacional de Agricultura (em Santarém), são outros dos temas que a CAP está a debater nas reuniões com as 250 associações associadas para, no final, “transmitir ao Governo as preocupações do setor”.
O próximo Conselho Consultivo, do Alto Alentejo, está agendado para 13 de janeiro em Castro Verde, seguindo-se, até dia 26, os do Baixo Alentejo e Algarve, de Entre Douro e Minho, de Trás-os-Montes e do Centro.
Fonte: Diário de Notícias