publicado a: 2016-10-19

Diminuição do número de abelhas e borboletas coloca agricultura mundial em risco

O declínio da população de abelhas, borboletas e outros insetos, importantes para a polinização agrícola, que está a colocar em risco a agricultura mundial. O alerta foi feito pela ONU, depois da divulgação de um relatório sobre biodiversidade. O declínio dos insetos polinizadores não é um tema novo, mas este relatório vem dar-lhe mais força.

O trabalho realizado pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES, em inglês) chegou a esta conclusão no seu primeiro relatório, divulgado nesta segunda-feira, em Kuala Lumpur, e comentado pela ONU nesta sexta-feira.

As populações de “abelhas e borboletas têm vindo a diminuir em abundância, ocorrência e diversidade, numa escala local e regional do Nordeste da Europa e América do Norte devido a vários fatores, muitos deles causados pelo homem, o que coloca em risco os meios de subsistência de milhares de pessoas”, denuncia o relatório, que foi encomendado pela ONU, em 2012.

Na Europa, 9% das abelhas e borboletas estão ameaçadas de extinção e as suas colónias tiveram um declínio de 37%, no caso das abelhas, e de 31%, no caso das borboletas, de acordo com os dados disponíveis sobre esta espécie. O relatório refere também que, em alguns locais da Europa, mais de 40% das espécies de abelhas podem estar ameaçadas.

Segundo a IPBES, o declínio da população destes polinizadores também foi detetado em outros pontos do planeta devido a várias causas, como pesticidas, poluição, espécies invasoras, perda de habitat ou alterações climáticas. No entanto, a falta de dados oficiais na América Latina, na Ásia e em África fragiliza a análise deste estudo, em relação a estas espécies, uma vez que nestes continentes a informação é mais consistente no que toca a outros animais, como morcegos e pássaros.

O relatório alerta ainda para o facto de 5% a 8% da produção agrícola mundial, que gera entre 235 a 577 mil milhões de dólares (cerca de 213 a 523 mil milhões de euros), estarem diretamente dependentes da ação dos polinizadores nas colheitas de cereais e frutas.

Os alimentos “dependentes dos polinizadores abrangem frutas, vegetais, sementes e frutos secos, que fornecem grandes proporções de micronutrientes, vitaminas e minerais, essenciais à nossa dieta” comentou Simon Potts, vice-presidente do IPBES e professor da Universidade de Reading, Reino Unido.

De maneira geral, pelo menos três quartos das colheitas mundiais dependem de polinizadores para o crescimento e qualidade das plantas, indicam estes especialistas. O relatório salvaguarda, no entanto, culturas como o arroz, trigo e outros cereais, que não dependem da polinização.

Este relatório foi realizado por cerca de 80 cientistas de todo o mundo. O IPBES está encarregue de fazer relatórios sobre o declínio de espécies animais e vegetais, assim como sobre os seus ecossistemas, que constituem a biodiversidade mundial.


Fonte: Novos Rurais

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