Confinamento 2.0: Portugueses melhor preparados para um consumo consciente e equilibrado
Os portugueses mostram-se melhor preparados para um consumo consciente e equilibrado durante o período de confinamento, em contraste com o momento em que a pandemia de Covid-19 chegou ao País, de acordo com o estudo ‘Confinamento 2.0 – comprador mais preparado para ficar em casa’, realizado pela Kantar e analisado por aquela consultora de mercado e pela Centromarca – Associação Portuguesa de Empresas de Produto de Marca.
A análise revela que o início do ano, fruto do contexto atual, ficou marcado por uma maior afluência às lojas. Numa comparação entre a média diária de cestas feitas durante o último ano (desde o dia em que foram confirmados os primeiros casos de Covid-19) e a média deste ano, é possível concluir que os portugueses estão a fazer mais 8% de cestas diariamente. No entanto, as cestas são mais pequenas e mais positivas em termos de consumo, sem necessidade de existir açambarcamento e demonstrando confiança em relação à capacidade de resposta do retalho alimentar e de toda a cadeia de abastecimento.
O aumento do número de casos diários de Covid-19 que se seguiu refletiu-se no comportamento de compra das famílias, ao gerar uma maior afluência às lojas e cestas com um número de produtos acima da média. Este padrão de compra estabilizou nos dias seguintes e os portugueses voltaram a ir mais regularmente às lojas face à média diária de 2020. Ainda assim, abaixo do que era o histórico e este deverá ser a tendência que acompanhará os próximos meses, segundo a Kantar.
"O disparar dos números relativos a novos infetados e a doentes hospitalizados, logo nos primeiros dias de janeiro, alarmou as famílias portuguesas que, no dia 8 de janeiro, tiveram um comportamento de compra semelhante ao que já tinha sido visto a 3 de março de 2020 – primeiro dia de corrida às lojas no início da pandemia – ou seja, revelando uma maior afluência às lojas e cestas com um número de produtos acima da média. Contudo, este padrão de compra acabou por estabilizar nos dias seguintes, associado a uma maior tranquilidade em termos de consumo", refere Marta Santos, Manufacturers Sector Director da Kantar.
Os dados disponibilizados pela consultora mostram que a afluência às lojas aumenta consoante as alterações às medidas de contingência, como o início de um novo confinamento ou o encerramento das escolas, pela necessidade de reforçar a despensa devido ao maior número de pessoas em casa. No que diz respeito ao dia escolhido para fazer compras, o fim-de-semana perdeu relevância, o domingo é agora o dia menos escolhido e as compras diluem-se mais ao longo dos vários dias da semana.
“A análise ao comportamento dos consumidores durante o mês de janeiro permite-nos perceber que todas as mudanças, restrições e incertezas acumuladas ao longo de 2020 tornaram os portugueses muito mais experientes no ato de compra em contexto de pandemia e, por isso, mais preparados e flexíveis para um confinamento iminente. Esta preparação ficou não só refletida por uma menor corrida às lojas e sem açambarcamento generalizado, como também por um consumo mais positivo, privilegiando produtos frescos em detrimento de produtos ‘de sobrevivência’”, explica Pedro Pimentel, Diretor-Geral da Centromarca.
Além da diferença de reação dos lares entre os episódios de açambarcamento em 2020 e a entrada num segundo confinamento em 2021, as prioridades de consumo também sofreram alterações. As cestas de produtos de grande duração, como conservas, farinhas, leguminosas e bacalhau seco foram substituídas por produtos de compra mais frequente como frescos (frutas e legumes, carne e peixe), pão, iogurtes, café moído, vinho, entre outros.