Douro: ano vitícola 2014/2015 foi «atípico» em termos climáticos
O ano vitícola de 2014/2015 na região do Douro caracterizou-se por ser um ano atípico em termos climáticos, com um inverno frio e seco, e com uma primavera e verão anormalmente quentes e secos.
Assim começa o balanço do ano vitícola efetuado pela Associação para o Desenvolvimento da Viticultura Duriense (ADVID), e que destaca igualmente «em especial a reduzida precipitação ao longo da maior parte do ciclo vegetativo e as altas temperaturas registadas entre junho e julho, pelo seu impacto na videira e na maturação da uva».
«O clima provocou um adiantamento do ciclo vegetativo de cerca de um a duas semanas, relativamente à média. Em termos fitossanitários, as doenças criptogâmicas (oídio e míldio) e as pragas não chegaram a ter um impacto significativo nem na quantidade, nem na qualidade da produção. Tendo com conta a última década, podemos considerar que 2015 foi o ano em que a produção apresentou um melhor estado fitossanitário», acrescenta o relatório daquela associação.
Quanto ao estado hídrico da videira, «entre julho e até à data de vindima, as plantas desenvolveram-se em condições de intenso défice hídrico», tendo a ADVID no ano de 2015 «registado valores de potenciais hídricos de base de -1.25 MPa, tendo sido o 2º ano com valores mais negativos desde 2002, a seguir a 2005 (ano de referência com valores de -1.4 Mpa)».
«Os sintomas de stresse hídrico, térmico e luminoso foram observados um pouco por toda a Região, em especial em vinhas com menor disponibilidade hídrica do Douro Superior e do Cima Corgo, localizadas em cotas mais baixas, mais expostas à radiação, ou ainda em vinhas novas, tendo tido consequências importantes quer na parede de vegetação (fenómenos de queima e desfolha) quer nos cachos (maior desidratação e menor tamanho do bago) e ainda na evolução da maturação», informa a ADVID.
Já a maturação teve um comportamento heterogéneo na Região, tendo em conta a localização das vinhas e/ou a sua disponibilidade hídrica. Nos locais menos expostos aos stresses ou com maior disponibilidade hídrica, «a maturação foi mais precoce (cerca de 1 a 2 semanas), tendo-se iniciado a vindima por volta de finais de agosto/inícios de setembro».
Em vinhas localizadas em cotas mais baixas, ou mais expostas ao calor, «a maturação decorreu de forma mais lenta, obrigando a um compasso de espera para a obtenção de melhores teores de álcool provável e compostos fenólicos. No entanto, a ocorrência de precipitação entre os dias 15 e 16 de setembro, acompanhada de temperaturas mais baixas, teve um impacto bastante positivo quer na produção, quer na qualidade, permitindo uma maturação que evoluiu de forma progressiva até finais de setembro/inícios de outubro», lê-se no relatório produzido.
A maioria da produção da Região Demarcada do Douro conseguiu ser vindimada até final de setembro/início de outubro, apresentando nesse período «bons níveis de açúcar, acidez e teores de compostos fenólicos. Os mostos apresentaram, de uma maneira geral, uma qualidade muito elevada».
Relativamente à quantidade de uvas recolhidas, em 2015 verificou-se uma maior produção em castas como a Touriga Franca e a Tinta Roriz e uma menor produção na casta Touriga Nacional, em especial no Douro Superior, fruto do impacto das condições climáticas.
No relatório é possível ainda ficar a saber:
- Evolução das condições meteorológicas
- Ciclo vegetativo, potencial de colheita e produção
- Evolução dos aspectos fitossanitários (Doenças)
- Evolução dos aspectos fitossanitários (Pragas)
- Evolução do potencial hídrico
- Evolução da maturação
- Tratamento de dados (Parcelas de referência)
Fonte: Agronegócios.eu