Em Oleiros o medronho está a ganhar escala e a diversificar oferta
Há muitos anos que os homens e mulheres de Oleiros, e desta região, por esta altura do ano percorrem as serras e os vales em busca do medronho para fazer a famosa medronheira. Com a chegada da crise e com a falta de oportunidades de emprego, os jovens olharam para este fruto e começaram a ver uma fonte de rendimento. Ao mesmo tempo várias escolas superiores, nomeadamente a Universidade do Algarve e a Escola Superior Agrária de Coimbra debruçam-se sobre a árvore, o fruto e o ambiente em seu redor na tentativa de saber mais sobre o medronheiro.
Há dez anos a esta parte que Oleiros, concelho onde a apanha e a destilação deste produto tem grande tradição, avançou com a realização da mostra do medronho. A vontade era, e será sempre, promover a rentabilidade deste setor que já acarreta algum retorno, referia Fernando Jorge, presidente da câmara, no final do colóquio sobre a qualidade da aguardente de medronho que decorreu no passado fim-de-semana de 29 e 30 de outubro, no âmbito da 11ª Mostra do Medronho e da Castanha. “Se queremos sair deste marasmo temo que, para o mesmo produto, ter mais qualidade e mais-valias”, acrescentou o autarca.
A Escola Superior Agrária de Coimbra tem, através da professora Filomena Gomes, procurado estudar este produto até á exaustão e acreditando que a cada vez mais novas formas de consumir o fruto garantem a sua rentabilização futura, acredita. “Cada vez mais há procura para o iogurte, para o desidratado, consumo em fresco e incorporar na alimentação. Mas para dar resposta a isto temos que ganhar escala”, exemplificou.
Não ficar dependente da produção de aguardente é um dos objetivos da diversificação da oferta, até porque este será um produto altamente taxado pelo Estado, referia Paulo Nunes, presidente da Associação de Produtores de Medronho do Barlavento Algarvio.
De recordar que foi aprovada por unanimidade, na Assembleia da República a recomendação ao Governo para um tratamento de exceção relativamente a este produto, à semelhança do que aconteceu com outros similares e outras regiões também especialmente desfavorecidas. Este processo, adiantou Paulo Nunes, “está na gaveta”. Este produtor referia ainda que neste momento o grande problema do setor é a falta de escala na produção.
Fonte: Rádio Contestável