Escassez de bens alimentares nacionais nas prateleiras é um perigo iminente
É com extrema apreensão que a CONFAGRI antevê o futuro do setor agrícola, considerando que os preços ao produtor de muitos produtos agrícolas e pecuários estão em decréscimo, pela pressão a que estão sujeitos e pela ditadura da distribuição, alertando a CONFAGRI para uma possível escassez de bens alimentares nacionais nas “prateleiras” consequência do abandono da produção de muitos produtores e do já conhecido plano estratégico da PAC que desvaloriza a produção nacional.
A atividade agropecuária foi fortemente penalizada pelos efeitos da pandemia COVID-19, devido ao encerramento do canal Horeca.
Com o fim do confinamento, perspetivava-se uma recuperação do setor, o que não está a acontecer. A conjuntura agrava-se em resultado dos aumentos sucessivos dos preços dos fatores de produção, seja o gasóleo, as rações ou os adubos/fertilizantes/fitofármacos.
A atual situação é desesperante, depois de em 2020 ter ocorrido um decréscimo do valor acrescentado bruto (VAB), do setor agrícola, (-8%), o agravamento dos custos intermédios vai continuar a ditar reduções no rendimento desta atividade e a viabilidade de alguns negócios, pelo que se teme a falência de alguns produtores, caso não haja uma resposta à altura por parte das políticas públicas, até agora claramente insuficientes para reestruturar e alavancar negócios locais.
Perante a delicada situação em que se encontra o setor, considera também a CONFAGRI que poderão vir a ser agravados problemas ambientais e de coesão territorial, com o abandono da produção e dos territórios.
Ministra da Agricultura encerra debate do Conselho Geral da CONFAGRI
A fim de tentar encontrar soluções que respondam às dificuldades e desafios deste setor, a CONFAGRI vai reunir o seu Conselho Geral, na presença da Ministra da Agricultura, Maria do Céu Antunes, no próximo dia 3 de novembro, no Hotel dos Templários, em Tomar, para discutir e debater as propostas do Plano Estratégico da PAC (PEPAC) 2023-2027, aquele que se afigura como sendo o balão de oxigénio para manter vivo o mundo rural.
Às 14h30 haverá lugar para uma mesa redonda, aberta à comunicação social, subordinada ao tema “A Proposta de PEPAC responde às necessidades e desafios do setor agrícola e florestal nacional?”, que contará com a participação de Arlindo Cunha, Ex-Ministro da Agricultura, Miguel Freitas, Ex- Secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural e Eduardo Diniz, Diretor Geral do GPP (Gabinete de Planeamento) e encerramento pela Ministra da Agricultura.
Esta é a oportunidade para reforçar e fortalecer este setor, para contrariar o abandono da atividade e prevenir o abandono dos territórios, um setor que gera riqueza (representa 3,9% do VA Bruto), que cria emprego e que produz alimentos para sustentar o país. Mas para que isso seja exequível, é urgente que haja um envolvimento e um compromisso de cooperação a nível político que aliviem as sobrecargas ao nível dos custos de produção bem como a carga tributária.
Nota: Fazem parte do Conselho Geral os membros da Direcção das nove Federações associadas, representantes das organizações aderentes, o Secretário-Geral e trinta personalidades de reconhecido mérito do sector agrícola nacional das diferentes regiões do país.