Governo assegura que não há "qualquer alerta" do setor devido a armazenagem de azeite
O mercado do azeite sofreu um rombo pela quebra nos preços em Portugal e Espanha e a Comissão Europeia adoptou uma medida excecional para o armazenamento, mas "sem alerta" para Portugal.
O Ministério da Agricultura defendeu esta quarta-feira, em resposta à Lusa, que não se regista “qualquer alerta” do setor relativamente à armazenagem de azeite, adotada por Bruxelas, para estabilizar os preços, e antecipou que a próxima campanha deverá ser boa.
“O Ministério da Agricultura não regista qualquer alerta por parte do setor, que está de acordo com a abertura da armazenagem privada, com vista à estabilização dos preços”, lê-se na resposta enviada à Lusa. Porém, o Governo garantiu estar em “permanente contacto” com os representantes do setor e disse que irá agir conforme as necessidades.
Na segunda-feira, a Comissão Europeia adotou uma ajuda excecional para o armazenamento privado de azeite virgem, para equilibrar os mercados devido à quebra dos preços deste produto, nomeadamente, em Portugal e Espanha.
De acordo com o ministério tutelado por Maria do Céu Albuquerque, embora a situação de preços e ‘stocks’ não seja, atualmente, similar entre Portugal e Espanha, a medida em causa “é prudente”, de modo a prevenir uma “quebra no mercado dos principais países fornecedores da União Europeia.
“No âmbito do acompanhamento dos mercados agrícolas, o Ministério da Agricultura faz a devida monitorização do setor, quer em termos da evolução da produção, quer ao nível dos preços no produtor, valores que são reportados semanalmente, e sempre que existam, para os serviços da Comissão Europeia”, explicou o Governo.
Assim, no mercado nacional, a produção da campanha 2018/2019 caiu 26% face à campanha anterior, no entanto, “as previsões para 2019/2020 apontam para uma boa campanha, 40% superior à anterior”.
Já no que se refere aos preços, verifica-se, desde julho, uma baixa de 2,50 euros por quilograma (kg) para 2,22 euros por Kg em setembro.
Conforme indicou o Ministério da Agricultura, ao nível do mercado europeu, a produção na última campanha foi inferior em todos os Estados-membros, exceto em Espanha, enquanto os ‘stocks’ finais “têm vindo a ser revistos em alta, bastante acima da média dos últimos cinco anos”.
Os contratos para auxílio ao armazenamento privado cobrem um período de 180 dias e as candidaturas podem começar a ser apresentadas no próximo dia 21.
Portugal, Espanha, França, Grécia, Itália, Croácia, Chipre, Malta e Eslovénia são os países cujos produtores de azeite virgem podem candidatar-se.
Na segunda-feira, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) defendeu que a ajuda excecional para o armazenamento privado de azeite é uma medida “positiva” e necessária.
“Esta medida, embora temporária, poderá aliviar a pressão sobre a os preços, ainda que, dado que se trata de uma intervenção temporária, o seu efeito esteja dependente do comportamento que os mercados irão ter, nomeadamente ao nível da exportação”, defendeu, na altura, em resposta à Lusa, o secretário-geral da CAP, Luís Mira.
Para a CAP, esta é “uma medida positiva, que se impunha pôr em execução”, tendo em conta a conjuntura europeia.
Por seu turno, a Casa do Azeite vincou que a armazenagem não deixa de ser uma “medida artificial”, embora espere resultados, e defendeu que o equilíbrio deve fazer-se através do consumo.