Governo dos Açores apoia agricultores com dois milhões de euros devido à seca
O Governo dos Açores vai disponibilizar dois milhões de euros para a importação de 20 mil toneladas de alimentação animal, numa tentativa de ajudar os agricultores a fazer face à seca que se faz sentir na região.
O titular da pasta da Agricultura, à margem de um encontro realizado com a Federação Agrícola dos Açores, em Ponta Delgada, na ilha de São Miguel, declarou que “isso representa naturalmente um esforço financeiro por parte do Governo” que "é inevitável", uma vez que se está a assistir a uma “situação muito complexa e até dramática”.
“Não são novidade as secas no período do verão, mas ter uma seca depois de dois meses em que praticamente não choveu é muito dramático”, referiu João Ponte, que adiantou haver uma duplicação do valor do apoio em termos comparativos com anos anteriores.
O executivo açoriano vai também abrir nos “próximos dias”, ainda segundo o secretário regional da Agricultura e Florestas, um período de candidaturas para os agricultores que estão a ser confrontados com prejuízos na produção de milho forrageiro e produtos hortícolas acima de 25%, havendo uma avaliação caso a caso.
João Ponte declarou que, no setor dos produtos hortícolas, “existe já um conjunto de produções que estão afetadas”, enquanto no caso do milho há produções que “já se perderam na totalidade”.
Jorge Rita, líder da Federação Agrícola dos Açores, referiu que as ilhas de São Miguel, Terceira e Graciosa são as mais afetadas pela seca, considerando que “apesar de não se poder substituir o que falta, pode-se minimizar o seu impacto, neste momento e para o futuro”.
Além da importação de palha por parte do Governo dos Açores, Jorge Rita declarou que a fibra que vai ser, entretanto, transformada na região pode, a par da importação, “ajudar a reduzir o impacto da falta de alimentos nas explorações".
O dirigente afirmou que, neste momento, existem menos rolos de erva disponíveis para os animais, a par de uma “perspetiva negativa da produção de milhos”, sendo agora importante “começar a dosear os alimentos” com recurso à importação.
Só na ilha Terceira, os agricultores estimam uma quebra entre 30% e 40% na produção de leite, na sequência da seca dos últimos três meses, que afetou a produção de milho.
“Nos primeiros cinco meses [de 2018], até tivemos uma produção superior ao ano passado. No mês de junho tem caído abruptamente e vamos notar ainda mais nos próximos meses. E vai haver rutura de stocks, porque se calhar 30% a 40% da produção do leite é capaz de cair”, adiantou o presidente da Associação de Jovens Agricultores Terceirenses (AJAT), Anselmo Pires.