publicado a: 2015-03-16

Maçãs que não oxidam chegarão ao mercado em 2016

As maçãs modificadas geneticamente que não oxidam chegarão ao mercado norte-americano em 2016, com a esperança de que diminua o desperdício desta fruta e que o mercado seja ampliado, mas com a desconfiança de algumas organizações em relação aos alimentos alterados.


O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) concluiu, uma vez finalizada uma «rigorosa revisão científica», que «é pouco provável» que as variedades desenvolvidas pela empresa canadiana Okanagan Specialty Frutis «representem um risco» para outros cultivos, motivo pelo qual autorizou o seu cultivo no país.

As variedades «Arctic Granny» e «Arctic Golden» serão as primeiras maçãs alteradas em laboratório que entrarão no mercado americano, afirmou o presidente da companhia canadiana, Neal Carter.

A empresa enviou o seu pedido ao Departamento de Agricultura em Maio de 2010, mas «estivemos a recolher dados para que fossem revistos muitos anos antes», disse Carter, que explicou que as «Arctic» são plantadas em campos de teste desde 2003.

As maçãs foram modificadas para evitar que, uma vez cortadas, oxidem ao estar em contacto com o oxigénio, uma reacção natural que faz com que escureçam e causem a rejeição dos consumidores, segundo a companhia.

«As nossas pesquisas de mercado mostraram que a maioria dos que consomem maçãs estão interessados que estas não fiquem castahas, portanto estamos convencidos de que haverá uma grande procura uma vez que cheguem às lojas», comentou Carter.

A ideia surgiu ao verificar-se uma estagnação no consumo de maçãs enquanto outros produtos, como as mini-cenouras, se impunham como uma alternativa saudável para comer entre as refeições.

Um êxito que procura igualar impulsionando a distribuição de maçãs já picadas, que representam apenas 2% do mercado, indicou.

As maçãs são um dos alimentos mais desperdiçados no planeta, em «grande parte» por conta do aspecto que adquirem depois de cortadas, motivo pelo qual estas duas variedades «podem ajudar que mais pessoas comam maçãs, enquanto reduzimos o desperdício de alimentos», segundo Carter. Mas nem todos elogiam este produto, que gera também desconfiança.

O Centro para a Segurança de Alimentos, uma ONG dedicada à protecção da saúde humana e do meio ambiente, considera que «este produto é totalmente desnecessário e representa numerosos riscos para os cultivadores de maçãs, a indústria alimentar e os consumidores», disse o seu director-executivo, Andre Kimbrell, em comunicado.

A companhia conseguiu «silenciar» um gene da fruta manipulando as moléculas do ácido ribonucleico para evitar que as enzimas (polifenol oxidasa) que produzem esta reacção se manifestem.

A organização indica que a engenharia genética, como uma forma habitual de cultivar, pode contaminar outras plantações e questiona o impacto da alteração nos genes das maçãs.

As autoridades agrícolas americanas indicaram que, apesar de recolherem as preocupações sobre a segurança destas maçãs para o consumo humano, o seu campo de acção se baseia no potencial perigo para outros cultivos.

As frutas serão etiquetadas com um adesivo que especifica que se trata de maçãs «Arctic» para diferenciá-las do resto.

«Isto permitirá que os que procurem as nossas maçãs, possam encontrá-las e, os consumidores que prefiram evitar produtos biotecnológicos, distingui-los», indicou Carter, que defendeu que se trata de um produto totalmente confiável.

«São as maçãs que mais passaram por testes no mundo», afirmou, ao mesmo tempo em que assegurou que «nós e as nossas famílias comemos muitas Arctic».

As maçãs já foram provadas em Washington e Nova Iorque, embora não devam estar no mercado pelo menos até ao final do ano que vem.

Depois, Carter calcula que a sua introdução no mercado aumentará progressivamente e, apesar de reconhecer que será lenta, espera que se mantenha sustentada, embora a última palavra seja do consumidor.


Fonte: Diário Digital

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