publicado a: 2018-09-25

Negra Mole: há uma casta algarvia que é única no mundo

A Comissão Vitivinícola do Algarve quer relançar a casta Negra Mole, que já representou 75% da produção de vinha na região. Atualmente, a vinha só está em 15% dos terrenos mas a aposta é levar os enólogos a criarem novos vinhos a partir dela.

Na adega, João Mariano tira o vinho da enorme cuba onde está armazenado. "É mesmo rosadinho, cor de salmão." Apresenta o vinho rosé que cai para o copo, feito com a casta Negra Mole, uma casta única no mundo e exclusiva do Algarve. "A casta é típica, só existe em quantidade no Algarve e é a segunda casta portuguesa mais antiga", diz Carlos Gracias, presidente da Comissão Vitivinícola do Algarve.

A instituição está apostada em relançar uma casta que já representou 75% da produção da região e que servia para fazer, em tempos que já lá vão, muitos dos vinhos algarvios. "Na guerra do ultramar, o vinho que era servido nas rações de combate era o vinho de Lagoa, feito com a Negra Mole", conta.

Hoje, estas cepas não estão em mais do que 15% dos terrenos onde se produz vinha. Com a evolução do setor, o que a Comissão Vitivinícola pretende é dar a esta casta um toque moderno, fazendo várias experiências e produzindo diferentes vinhos. "Os novos enólogos, que sabem muito bem trabalhar o vinho, podem experimentar a casta e conseguir produtos diferenciadores."

A casta Negra Mole tem uma característica especial: uma única cepa pode ter uvas de todas as cores.

Na adega Cabrita, o jovem enólogo Dinis Gonçalves começou há cerca de três anos a testar a Negra Mole. As tentativas tiveram sucesso e, em 2015, nasceu o tinto Negra Mole. "Em termos de aromas, tem muita fruta vermelha, fresca, é muito delicado, com um nível de álcool um bocadinho mais baixo", explica.

Características que levam os apreciadores a gostarem do que provam e os produtores a fazerem novas tentativas de produzirem novos vinhos com esta casta.

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