publicado a: 2019-01-21

O café e as mudanças climáticas

O café, essa bebida universal apreciada por todos, está em risco, se não forem tomadas medidas adequadas que possam abrandar o aquecimento global que se tem verificado.

Sabemos que a temperatura média do ar em todo o globo está a subir e devido a esta mudança climática é de esperar no futuro alguns impactos graves em alguns setores, como é o caso do setor do café. A mudança climática tem gerado mais ondas de calor, secas e surtos de pragas em todo o mundo, afetando muitas culturas, nomeadamente a cultura do café.

Importância do setor do café
A produção e o consumo de café aumentaram consideravelmente nas últimas décadas. Segundo dados do CSR ASIA, o consumo médio diário é de 2,25 bilhões de chávenas de café em todo o mundo, o setor do café movimentou cerca de 19 bilhões de US $ em 2015 e apoia a subsistência de 125 milhões de pessoas. Mais de 50% da produção global vem do Brasil, Vietnam e Colômbia. O setor do café é um setor muito importante na economia mundial daí o desenvolvimento de estudos sobre o impacto da mudança climática neste setor.

Como as mudanças climáticas afetam o café
De acordo com o Relatório do Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT), cerca de metade da terra produtora de café do mundo será inadequada até 2050.
Segundo o mesmo Relatório o aquecimento danificará principalmente o grão de grande qualidade, denominado Arábica, que cresce melhor entre os 18-21°C. Acima de 23 °C, a planta cresce muito rapidamente, comprometendo o rendimento, o aroma e o sabor. O Arábica constitui cerca de dois terços da produção mundial de café, mas está limitado aos planaltos subtropicais do Brasil, da América Central e da África Oriental.
O grão Robusta de menor qualidade apesar de ser mais resistente ao calor, é menos tolerante a grandes oscilações de temperatura e precipitação. Ambas as espécies sofrem de pragas, que causam mais de 500 milhões de US $ de prejuízo anual, segundo o CIAT. Com temperaturas mais elevadas estas pragas tendem a aumentar.

Atualmente as alterações do clima já afetam negativamente os produtores de café, ainda de acordo com o CIAT. A seca em 2014 no Brasil reduziu o rendimento da cultura do café do Brasil em um terço. Em 2012, uma epidemia da folha espalhou-se pela América Central e pela América do Sul após altas temperaturas e chuvas intensas. O fungo, relatado em regiões montanhosas colombianas anteriormente muito frias onde o fungo pudesse sobreviver, resultou em uma perda de colheita equivalente a 500 milhões de US $ e destruiu 50% da cultura de café da Guatemala.

A mudança climática implica que as zonas produtoras de café arábica do mundo - com 25 milhões de agricultores - podem sofrer mais. As zonas de maior risco são as regiões de baixas latitudes e baixas altitudes enquanto que as regiões de altitudes mais altas e regiões de latitudes mais altas podem sofrer impactos negativos menos pronunciados.

De acordo com o CIAT até 2050, se não forem tomadas medidas para diminuir o aquecimento global, a área global adequada para a produção de café pode ser reduzida para cerca de metade e quase 80% da terra atualmente usada para cultivar café arábica em regiões do Brasil, América Central e Vietnam pode tornar-se inadequada.

Isso poderia redistribuir as áreas globais de produção de café, em geral, longe do equador e mais acima nas montanhas. No entanto, esta redistribuição pode criar conflito com outros usos da terra, incluindo florestas, e provocar a migração dos países produtores de café. Além disso a realocação da produção para altitudes mais elevadas pode ser especialmente difícil para os agricultores familiares de pequena escala que compõem 80-90% dos produtores de café.

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