O mistério da morte histórica de abelhas na década de 90 foi finalmente resolvido
A morte em massa de abelhas na década de 1990, em França, foi causada pelo pesticida Fipronil.
Um mistério com quase três décadas acaba de ser resolvido por investigadores do Reino Unido. A culpa do colapso das colónias de abelhas em França, em meados da década de 1990, foi atribuída ao inseticida neonicotinóide imidacloprid, mas uma recente investigação revela que o provável culpado é, afinal, o fipronil, um inseticida muito menos conhecido.
O neonicotinóide imidacloprid chegou ao mercado em 1994 e o fipronil foi lançado em 1993. Ambos são produtos muito utilizados nas culturas de girassol francesas.
Uma equipa de cientistas da Universidade de Exeter, no Reino Unido, analisou a toxicidade e a provável bioacumulação de fipronil, imidacloprid e dois outros pesticidas comummente aplicados em abelhas. Para isso, usaram uma simulação computacional de uma colónia de abelhas para medir os efeitos dos pesticidas. No final, concluíram que apenas o fipronilconseguia causar a mortalidade em massa das abelhas.
Durante a primeira semana de exposição ao fipronil, os cientistas previram entre 4000 e 9000 mortes a mais do que numa situação de condições de controlo. O colapso das colónias dava-se ao fim de apenas três semanas. Já os outros pesticidas não geraram taxas de mortalidade altas o suficiente para causar o colapso.
Além disso, segundo o Chemistry World, os cientistas só encontraram sinais de bioacumulação tóxica no caso do fipronil. As experiências mostraram que o fipronil, ingerido por uma abelha em apenas uma refeição, estava presente seis dias depois – o composto poderia, portanto, ser letal em doses uniformes.
Dave Goulson, investigador da Universidade de Sussex, no Reino Unido, não tem dúvidas: perante os resultados, é claro que o fipronil se bioacumula nas abelhas sendo, por isso, muito provável que o faça em outros insetos.
“A exposição ao fipronil é uma causa provável de alguns casos de colapso de colóniasde abelhas”, afirma, sugerindo que o processo regulatório para pesticidas não conseguiu proteger o meio ambiente por “não detetar e sinalizar” o potencial de bioacumulação do fipronil.
Na União Europeia, o uso do fipronil só foi proibido em 2013. O estudo foi recentemente publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.