O uso intensivo e sustentável dos recursos naturais
“Intensificação sustentável.” Este é um conceito que cada vez mais ganhará notoriedade. A razão é simples, a população mundial continuará a crescer, mais urbanizada e exigente, num planeta de recursos naturais finitos. Vai exigir mais alimentos, energia e bem-estar, o que requer um uso mais eficiente dos recursos naturais - e será preciso conservar tais bens para as gerações futuras.
O estudo Visão 2014-2034: o futuro do desenvolvimento tecnológico da agricultura brasileira, lançado pela Embrapa em 2014, sinaliza que, por volta de 2030, poucos países vão concentrar grande percentagem da população. A população mundial, vai tornar-se gradualmente mais idosa. O rendimento per capita em importantes países consumidores irá aumentar, assim como a procura por proteínas nobres como leite, carne, ovos, peixes, frutas, verduras e legumes.
Em duas décadas, deve aumentar em 3 bilhões o número de consumidores do planeta e a região da Ásia-Pacífico concentrará cerca de 60% da classe média mundial. Tão significativo quanto o crescimento da população e a mudança das exigências e preferências dos consumidores é o facto de que tal cenário deverá ser observado mais em regiões onde é baixa a possibilidade de se ampliar a produção de alimentos. Há carência de terras agricultáveis e de recursos essenciais, principalmente água, como nas imensas áreas desérticas e semiáridas da África e da Ásia.
No mundo, as áreas que poderiam ser utilizadas para a expansão da fronteira agrícola estão na Rússia e no Leste Europeu. Mas o seu aproveitamento é limitado essencialmente por causa do clima e da necessidade de grandes investimentos, de difícil realização nas próximas décadas. O Canadá, país onde há terras e boa infraestrutura de suporte à produção agrícola, convive com sérias limitações climáticas.
A América do Sul é a região que dispõe de condições de clima e recursos naturais mais favoráveis para a expansão sustentável da atividade agrícola, especialmente na sua faixa tropical e subtropical. Potencial semelhante existe em partes da África Subsariana, embora o aproveitamento nessa região dependa de substanciais mudanças políticas e estruturais, uma tarefa para muitas gerações.
Repousa, portanto, sobre a América Tropical, a grande responsabilidade de alimentar a população e, ao mesmo tempo, ampliar a ação de produzir alimentos para um mundo que continuará a crescer e procurar em quantidade, diversidade e alto padrão de qualidade. Fazê-lo, de forma sustentável, implicará sofisticação tecnológica que amplie a eficiência de uso dos recursos ambientais – especialmente água, solo e biodiversidade – e garanta serviços ecossistémicos adequados, como reciclagem de resíduos, recomposição das reservas hídricas, melhoria da atmosfera, entre outros.
O Brasil lidera um grande esforço de geração e uso de tecnologias "poupa-recursos", de baixa emissão de carbono, capaz de promover a expansão sustentável da produção agrícola. O Plano ABC - “Agricultura de Baixa Emissão de Carbono” é uma arrojada política pública que visa ampliar a recuperação de pastagens degradadas, a integração terra cultivada-pecuária-floresta, o sistema de plantio direto, a fixação biológica de nitrogénio, florestas plantadas e o tratamento de dejetos animais.
Por isso, o potencial de intensificação sustentável da agricultura brasileira, chama a atenção do mundo. Uma grande extensão das suas áreas agrícolas pode ser utilizada de maneira segura 365 dias por ano, produzindo, no mesmo espaço, grãos, proteína animal, fibras e bioenergia. E, diferentemente de qualquer grande produtor de alimentos no mundo, o Brasil mantém 62% do seu território com cobertura vegetal natural.
Fonte: Agrolink