publicado a: 2019-01-25

“Portugal chama” para a prevenção de incêndios

Mais do que uma campanha, é um apelo à ação que lança um desafio a cada português. O objetivo é alertar e ajudar a corrigir comportamentos de risco antes do verão chegar.

Arranca hoje uma campanha nacional “única” para o combate e prevenção de incêndios. “Portugal Chama” é promovida pela Agência para a Gestão Integrada de Incêndios Rurais (AGIF), organismo que vai coordenar ações de sensibilização da população para a importância da valorização e tratamento da terra e para a necessidade de abolir comportamentos de risco.

Esta nova campanha é um esforço conjunto de várias entidades com responsabilidade na prevenção de fogos. Está direcionada a toda a população, independentemente da região, e procura promover mudanças reais nas ações de todos. Os meios usados para isso vão ser vários: filmes institucionais, anúncios na rádio, 'outdoors' na rua, panfletos, entre outros.

Tiago Oliveira, coordenador da AGIF, disse, no lançamento da campanha, ser importante “dar uma noção de que o risco existe” porque Portugal “continua muito vulnerável a incêndios florestais”. Assim, é importante uma mobilização coletiva para proteger o país de incêndios rurais, com mensagens e apoios específicos para cada região do país, consoante as necessidades da sua população.

Mudanças acontecem no terreno

Controlar as queimadas e as queimas é, segundo Tiago Oliveira, “uma questão de saúde pública”. Trata-se de uma prática perigosa, sobretudo a norte do país, que “não se justifica” ser feita durante todo o ano.

Para alterar os comportamentos, este responsável sublinha que a população “tem de ser ajudada e apoiada” pelas estruturas locais e, apesar desse processo demorar tempo, é necessário começar agora, "porque fazem mal a si, fazem mal á sua família, fazem mal ao ambiente, e não estão a fazer bem à natureza”.

Nesse sentido, a recente legislação publicada pelo Governo, que faz com que as queimas passarem a ser feitas num parque municipal e as queimadas a ser realizadas num único dia, na presença da GNR, bombeiros e sapadores florestais, é “um caminho nesse processo.”

Também referiu ser “essencial” que se interiorize a ideia de que a melhor forma de minimizar as consequências dos fogos é com a prevenção, porque apostar tudo nos vários meios de combate será sempre insuficiente e bastante mais dispendioso para os cofres do Estado. Quando questionado sobre o aumento dos meios aéreos anunciado pelo Ministério da Administração Interna, Tiago Oliveira explicou que o inverno tem sido pouco chuvoso e que “é melhor estar do lado seguro da equação enquanto não se consegue reduzir as ignições” que, reforçou, tem de ser o ponto nevrálgico de todo o processo.

Um plano com três fases
A campanha está dividida em três momentos.

A Fase 1 – Prevenção, começa esta sexta-feira e estende-se até final de abril. Consiste no lançamento da campanha nos media através de anúncios radiofónicos, filmes institucionais, panfletos e 'outdoors', e também na limpeza de terrenos em redor de casas, em coordenação com os media regionais e emissários locais. Este processo, segundo o plano de acção da AGIF, deverá ser concluído até final de março, na mesma altura em que se inicia o processo de cadastros e as queimas controladas nas zonas rurais.

A Fase 2 – Risco começa em maio e decorre até outubro. Durante esse período a presença da campanha nos media de alerta para os comportamentos de risco mantem-se, assim como os cadastros e as queimas. A partir de junho, será executado um plano de sensibilização “porta a porta” direcionado para a população rural, nomeadamente agricultores, no sentido de sensibilizar para a importância do tratamento dos terrenos. Este processo terá não só o suporte dos vários media regionais, dependendo da zona do país, como também dos vários intervenientes do sector, incluindo empresas agrícolas.

A Fase 3 – Monotorização, em novembro e dezembro, deverá ser uma altura de rescaldo e acompanhamento das ações realizadas nos períodos de maior risco. Como disse Tiago Oliveira, os vários intervenientes no processo, desde organizações do Estado a entidades da sociedade civil, têm de ser capazes de cumprir os objetivos: “Cada um de nós tem um papel a fazer, tem de ter um processo pelo qual é responsável, tem que ter um resultado que tem de satisfazer. Tem que entregar resultados. Não é fazer tarefas, é entregar resultados. Eu propus-me a fazer isto, tive dinheiro dado por um sistema, e consegui fazer isto porque tive uma instituição capacitada para o fazer.”

Uma atividade é transversal a toda a campanha, e decorrerá durante todo o ano: as ações de sensibilização nas escolas e juntas de freguesias, bem como o apoio a instituições de divulgação científica.

“Portugal Chama” terá um custo inicial de 300 mil euros, e o seu orçamento poderá estender-se até aos 1,9 milhões de euros no decorrer do ano.

A AGIF foi criada em 2018 e trabalha sob a alçada direta do primeiro ministro António Costa. Aliás, Tiago Oliveira destacou o esforço do Governo e dos vários ministérios na elaboração da campanha e no planeamento da época de fogos, bem como a importância de Marcelo Rebelo de Sousa para o sucesso da campanha, porque o presidente “tem sido um porta-voz e um estandarte da chamada da atenção para o interior”, até porque “Portugal Chama” não é uma campanha da AGIF, mas sim da República.

O primeiro filme, “forte e emotivo”, já pode ser visto no site oficial da campanha, onde também estão disponíveis vários esclarecimentos e uma linha de apoio telefónica (808 200 520).

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