Portugal e a Agrodiversidade
No início dos anos 70 uma etapa foi iniciada. Aconteceu em Portugal a colheita e conservação dos recursos genéticos nacionais, concretizando ações previstas no Programa do Mediterrâneo da FAO para a conservação dos recursos genéticos vegetais.
No mundo, e em Portugal, tudo começou com a recolha e conservação das variedades tradicionais dos agricultores.
Estas variedades com as produções, produtos e o conhecimento tradicional associado, são forças motrizes que promovem a valorização e o desenvolvimento regional sustentável, ao mesmo tempo que contribuem para o esforço de conservação da diversidade. Entender o poder e aproveitar o valor desta agrodiversidade, são as condições para a utilização sustentável da diversidade de culturas e, essencial para responder aos desafios representados por um clima cada vez mais imprevisível e em mudança, bem como pela crescente pressão de pragas e doenças, da pegada hídrica e de CO2, bem como a insegurança alimentar.
Há elementos que desempenham um papel crucial no alcançar das metas para o desenvolvimento harmonioso e sustentável, como seja a diversidade genética das coleções de germoplasma mantidas a nível local, nacional, inter-regional e global.Tais coleções precisam de ser avaliadas e valorizadas, para o benefício e melhoria do bem-estar das regiões, criação local de riqueza primária, garantir a segurança alimentar e nutricional e uma vida saudável para as gerações presentes e futuras da Humanidade.
Essa é a Missão do Banco Português de Germoplasma Vegetal (BPGV) que tem sinergias, linhas de ação, competências e parcerias para que seja concretizado.
A importância estratégica dos recursos biológicos, em geral, e dos Recursos Genéticos Vegetais, em particular, é reconhecida por convenções, tratados e diretivas internacionais:
. Convenção da diversidade biológica e Protocolo de Nagoya
. Tratado Internacional para os Recursos Genéticos para a Agricultura e Alimentação
. Plano de Ação Mundial da FAO
. Diretivas Comunitárias para a Biodiversidade e Agrodiversidade
Enquanto signatário, Portugal tem o compromisso de inventariar, proteger, conservar, avaliar e utilizar de forma sustentada os recursos genéticos nacionais.
Desde 2008 o BPGV está enquadrado no INIAV I.P, com atividade no domínio da Agricultura, Alimentação e Sustentabilidade. Dedica-se ao conhecimento sobre Recursos Genéticos Vegetais para Agricultura e Alimentação, na perspetiva da promoção do conhecimento, da avaliação e valorização dos recursos, da transferência de tecnologia e do apoio à bioeconomia.
Indicadores gerais de atividade em 40 anos de resiliência:
36 Projetos de investigação, desenvolvimento experimental e demonstração, nacionais e internacionais
5 Redes de parcerias de investigação
mais de uma centena trabalhos de divulgação técnico-científica
4 Protocolos e acordos de colaboração
Apoio a ações de conservação
Reconhecido o saber na conservação e valorização dos RGV o BPGV é solicitado para complementar atividades doutras entidades e Instituições, na salvaguarda do património genético natural e agrícola.Estratégias e território.
Exemplo disso é o feijão tarreste, Arcos de Valdevez
Coleção de Germoplasma Conservado no BPGV
Esta coleção mantém em condições de conservação ex situ o germoplasma resultado de 128 missões de colheita realizadas ao longo dos seus 40 anos.
Espécies e variedades agrícolas
Parentes silvestres das espécies agrícolas (CWR)
Outras espécies com potencial económico
Tipo de coleções:
. Coleção base (conservação em frio de longo prazo a -18ºC)
. Coleção ativa (conservação em frio de médio prazo de 0 a 5º C e 45%HR)
. Coleção de campo´
. Coleção in vitro
. Coleção de melhorador
Autoria:
Equipa Técnica do Banco Português de Germoplasma Vegetal
Publicado na "Voz do Campo" n.º 218 (agosto-setembro 2018)