Portugal lidera investigação para melhorar produtividade de plantas de cultivo
Portugal lidera um grupo europeu-americano para estudar a reprodução sexual das plantas, visando a identificação de genes úteis para a indústria agrícola, para melhorar a produtividade de espécies de cultivo, projecto financiado com 2,6 milhões de euros.
A investigação, a desenvolver durante três anos, é coordenada por Jörg Becker, investigador principal no Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC), e é financiada pela ERA-CAPS, uma rede que apoia a pesquisa científica no domínio das plantas.
Uma equipa de oito cientistas vai estudar diversas espécies, desde musgos a plantas com flor, como a do tomate, a do arroz e a do milho e a erva-estrelada, para «compreender as principais etapas na evolução da reprodução das plantas, incluindo os mecanismos ancestrais de desenvolvimento dos gâmetas e fertilização», refere o IGC em comunicado.
Para tal, os investigadores vão comparar a actividade de «redes de genes» de diferentes espécies, que irão «ajudar na identificação dos principais mecanismos de reprodução das plantas e revelar se são ancestrais ou novos».
Segundo Jörg Becker, do Laboratório de Genómica das Plantas do IGC, o projecto «irá fornecer a primeira análise exaustiva da evolução molecular da reprodução sexual das plantas e dar informações sobre as origens da fertilização em plantas com flor», o que, a seu ver, é fundamental para se ter meios para «manipular a reprodução das plantas» e «melhorar a produtividade das culturas».
A nota do IGC lembra que «as plantas com semente são extremamente importantes economicamente, pois são fonte principal de alimento, fibras e outras matérias-primas industriais».
Contudo, «a capacidade de gerar comida suficiente, ração para animais e energia está cada vez mais comprometida pela expansão da população humana, pela competição pelo uso de terra, pela rápida perda de biodiversidade e pela mudança climática global», alerta.
O projecto de investigação, chamado EVOREPRO, inclui na sua equipa cientistas de institutos e universidades da Áustria, da Alemanha, do Reino Unido e dos Estados Unidos, além do IGC.
É a primeira vez que Portugal participa num projecto da ERA-CAPS, rede de 17 países europeus, Estados Unidos e Nova Zelândia. Em Portugal, o financiamento é assegurado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.
Fonte: Lusa via Confagri