publicado a: 2018-11-26

Portugal produz menos vinho, mas consome mais

Naquele que é apontado o melhor ano desde 2000 para a produção vitivinícola mundial, em Portugal a quebra de produção deverá atingir os 22%, segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho. Portugal é o país que mais cai em termos de produção, mas as estatísticas de consumo apontam para aumentos expressivos em volume e em valor.

Depois de um ano de 2017 em que a produção de vinho no mundo foi historicamente baixa, as previsões apontam para que no ano de 2018 a quantidade de vinho produzida no globo chegue aos 282 milhões de hectolitros. Este número, redondo quanto baste, encerra aquela que deve ser a maior produção vitivinícola no planeta, pelo menos desde o ano de 2000. Os números foram avançados no final de Outubro pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), num relatório em que se percebeu, também, que Portugal e a Grécia são os únicos países do Velho Mundo que continuaram a assistir a quebras de produção, enquanto em todos os outros países aumentaram.

No ano de 2018 o mercado global do vinho terá de se preparar para o regresso em força dos três países que, sozinhos, asseguram praticamente metade da produção mundial do vinho: Itália, com 48,5 milhões de hectolitros, França, com 46,4 milhões, e Espanha, com 40,9 milhões de hectolitros. Já não bastava a dimensão do país para afastar Portugal destes colossos, mas houve em 2018 um outro factor que nos distanciou deste pelotão da frente em termos de produção. As condições meteorológicas registadas foram favoráveis ao aparecimento de surtos de míldio e oídio, doenças que impactaram grandemente a produção de 2018. A OIV estima que Portugal vai ter a produção mais baixa dos últimos seis anos, desenhando uma curva quase em queda livre, com 22% de retracção comparado com 2017 – um ano que, per si, foi um ano historicamente mau.

O facto de a produção ter vindo a enfrentar travões desta magnitude, e estar em processo de desaceleramento há vários anos, não invalida que o consumo tenha vindo a perder terreno. Aliás, pelo contrário. Bastará olhar para o ano de 2017, e para as estatísticas produzidas por organizações que se empenham em analisar os dados em Portugal, para acreditar que no ano de 2018 o mesmo fenómeno se pode repetir.

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