Produtores de milho preocupados com decisões políticas que penalizam o sector
A ANPROMIS manifestou ao Ministro da Agricultura, preocupação com a proposta da Comissão Europeia que permitirá a importação de milho a direito zero, no período de comercialização do milho português. Por outro lado, vê com muita apreensão a proposta de reprogramação do PDR2020 que prevê a eliminação da majoração aos agricultores associados de Organizações de Produtores nos investimentos nas explorações agrícolas.
«Num momento tão conturbado para a produção nacional de milho, julgamos extremamente grave que seja autorizada a entrada de milho a direito zero, durante o período em que decorre a comercialização da produção nacional (Agosto a Novembro)», afirmou José Luís Lopes, presidente da Anpromis. Portugal importa por ano 500.000 toneladas de milho.
O ministro da Agricultura, Capoulas Santos, prometeu abordar este assunto durante a vista a Portugal do Comissário Europeu da Agricultura, Phil Hogan, procurando uma «equidade entre a posição dos produtores e da indústria transformadora».
As declarações foram proferidas durante a assinatura do protocolo de constituição do InovMilho - Centro Nacional de Competências das Culturas do Milho e Sorgo, na Estação Experimental António Teixeira, em Coruche. Este Centro é uma parceria da Anpromis com o INIAV, a Câmara Municipal de Coruche, e 33 outras entidades públicas e privadas do sector agrícola, com vista à investigação e transferência de conhecimento sobre estas culturas.
Nos últimos anos, o sector do milho sofreu um enorme avanço tecnológico, desde a produção, à secagem e armazenagem, em resposta às exigências de qualidade da indústria transformadora. Este trabalho aconteceu em grande parte por via do esforço das Organizações de Produtores (OP).
A ANPROMIS vê, por isso, com muita apreensão a possibilidade de eliminação da majoração aos agricultores pertencentes a OP, prevista na reprogramação do PDR2020. «Esta decisão, constitui para nós produtores de milho e para as nossas Organizações, um sinal muito negativo e contraditório com o assinalável esforço efectuado nos últimos anos, de aumento da concentração da oferta de cereais, valorizando desta forma a produção nacional. Esta medida, a avançar, vai lamentavelmente conduzir a uma maior pulverização da oferta, já de si muito dispersa», acrescentou José Luís Lopes.
A ANPROMIS apelou ainda ao Governo para que ajude o sector a eliminar alguns custos inerentes à agricultura de regadio, nomeadamente, no preço da água e da energia, recordando o momento de grande dificuldade que os produtores de milho vivem, divido à acentuada quebra da cotação deste cereal no mercado mundial, de há três anos a esta parte.
Por outro lado, e face à situação financeira extremamente difícil que atravessam os produtores de cereais portugueses, mas também os nossos congéneres do Centro e do Sul da Europa, a ANPROMIS apelou ao Ministro da Agricultura para a necessidade de a Política Agrícola Comum pós 2020 ser reorientada, de forma a garantir que todos os agricultores que exercem a sua actividade no espaço europeu mantenham a sua actividade de uma forma digna e rentável.
A jornada em Coruche incluiu um Dia de Campo com uma apresentação sobre a problemática da cefolosporiose, seguindo-se uma visita aos campos de ensaio de milho e sorgo instalados na Estação Experimental António Teixeira, onde decorre o projecto de investigação aplicada “SaniMilho”, com a parceria de várias empresas de factores de produção.