Que diferença faz a agricultura biológica?
Uma comparação lado a lado em três vinhas da Nova Zelandia conta uma história mista.
O biológico importa? A resposta é um pouco mais complicada do que a Organic Winegrowers New Zealand estava à espera com o projeto Organic Focus, que testou a agricultura biológica lado a lado com a convencional, em três vinhas da Nova Zelândia.
Os resultados finais do projeto de três anos apresentaram um consenso entre os produtores que foi que o biológico na sua maioria não faz mal, por vezes torna os vinhos mais interessantes e mostra benefícios óbvios para a saúde do solo. Mas as ressalvas financeiras são, em alguns casos, o fator decisivo.
Três produtores concordaram em dividir blocos de duas variedades regionalmente icónicas ao meio. Eles seguiram as melhores práticas convencionais de um lado, e do outro eles adotaram protocolos biológicos (como determinado pela BioGro, a maior certificadora biológica da Nova Zelândia).
Os dados quantitativos foram recolhidos com a ajuda de laboratórios independentes para assegurar que os resultados não poderiam ser enviesados, mas os viticultores também contaram as suas experiências, e foram feitos vinhos comerciais a partir de cada parcela.
Os viticultores não apresentaram nenhuma queixa acerca da qualidade dos vinhos, havendo pequenas diferenças entre o biológico e o convencional e, em alguns casos, descrevendo que os vinhos biológicos são mais leves, mas mais refinados que os outros.
Os custos para os dois sistemas foram semelhantes: mais dinheiro foi gasto no corte de infestantes nas vinhas biológicas mas isso foi equilibrado principalmente por não gastar em herbicidas. Mas o maior problema foi a diminuição da produtividade.
O consultor chefe de viticultura biológica no projeto, refere que a reconversão de agricultura convencional, em que o uso de fertilizantes suplementa um solo pobre em nutrientes e carregado de herbicidas, pode ser muito difícil nos primeiros anos e se traduzirá em menores rendimentos durante esses anos, o que pode ser um grande problema para alguns produtores.
Será que a Organic Winegrowers New Zealand teve sucesso em demostrar o seu ponto de vista - que a conversão para agricultura biológica é menos "dolorosa" do que os produtores normalmente acham? Os produtores foram no geral positivos: biológico é uma curva de aprendizado com a qual eles acham que podem lidar, viram a saúde do solo melhorar, ainda que em apenas três anos, e apreciaram aprender mais sobre as suas vinhas.
Ainda assim, para os viticultores que necessitam a produzir garrafas suficientes para cumprir as quotas de distribuição - garrafas que eles sabem que podem vender sem o rótulo "biológico" - a escolha biológica nem sempre ganha.
Fonte: wine-searcher