Rendimento da atividade agrícola deve cair 2,4% este ano
Segundo o INE, para a quebra contribuiu a redução dos subsídios de produção e a diminuição da mão-de-obra. A CAP diz que ainda é cedo para este balanço tendo em conta a seca e os incêndios.
O rendimento gerado pela atividade agrícola em Portugal deverá cair 2,4% em 2017 face a 2016, após ter aumentado 17,5% no último ano, segundo a primeira estimativa das contas económicas da agricultura divulgadas esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
De acordo com o INE, esta diminuição "foi determinada pela expressiva redução" dos 'outros subsídios à produção' (-25,4%) face ao "significativo montante" atribuído em 2016, já que o Valor Acrescentado Bruto (VAB) aumentou 4,5% (diminuição de 1,5% em 2016) e o volume de mão-de-obra agrícola terá diminuído 4,4%.
Para o aumento nominal de 4,5% do VAB contribuiu a variação positiva da produção do ramo agrícola (+4,0%), conjugada com uma variação positiva "menos acentuada" do consumo intermédio (+3,7%), perspetivando-se, em termos reais, um aumento de 5,8% do VAB.
O acréscimo nominal de 4,0% da produção do ramo agrícola resultou de um aumento do volume (+3,9%) e de uma estabilização dos preços base (+0,1%), devendo a evolução dos preços no produtor (+0,6%) ser atenuada por uma diminuição dos subsídios aos produtos (-16,0%).
Já a evolução nominal de 4,4% prevista para a produção vegetal em 2017 resulta de um acréscimo em volume (+7,2%) e de uma redução dos preços de base (-2,7%), com a produção de vegetais e produtos hortícolas e de frutos a ser "determinante" no crescimento deste segmento.
Menos cereais, mas mais verduras e fruta
As estimativas para a produção de cereais apontam para um volume inferior a 2016 já que, à exceção do milho (+4,2%), todos os cereais apresentam menor volume de produção devido à escassez de precipitação e às altas temperaturas registadas. O preço no produtor para os cereais deverá registar um decréscimo (-0,8%).
Quanto aos vegetais e produtos hortícolas, prevê-se um aumento em volume (+5,1%), enquanto a produção de batata terá aumentado 13,75 e a dos frutos 17,2%, "consequência de uma maior produção de maçã, pera, pêssego, kiwi (cuja produção de 31 mil toneladas foi "a maior de sempre), frutos de baga e amêndoa".
Em relação à produção de vinho, as estimativas apontam para um acréscimo nominal (+10,0%), e na produção de azeite é expectável um decréscimo de produção em volume (-9,3%) e um aumento dos preços de base (+29,6%).
Este ano, a produção animal deverá registar um acréscimo em valor de 3,2% face a 2016, em resultado de um aumento dos preços de base (+4,2%), já que o volume diminuiu 1,0%. Os produtos que mais contribuíram para esta evolução foram os suínos, as aves, o leite e os ovos.
O INE estima que, este ano, o consumo intermédio (CI) aumente 3,7% em termos nominais, na sequência de acréscimos em volume (+2,8%) e preço (+0,8%).
Agricultores falam em situação agravada pela seca
Em declarações à TSF, o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, sublinha que os valores divulgados pelo INE são ainda muito provisórios e que as consequências da seca vão fazer-se sentir este ano e nos próximos.
Até 31 de janeiro de 2018, o INE irá efetuar uma segunda estimativa das contas económicas da agricultura.