Segurança alimentar através da agricultura biológica pode ser realidade em 2050
No XI Congresso de Sociedad Española de Agricultura Ecológica (SEAE), que se realizou entre os passados dias 1 a 4 de outubro, em Vitória (País Basco, Espanha), e que reuniu vários especialistas internacionais em agricultura biológica, a principal conclusão é a previsão de a agricultura em modo biológico poder vir a garantir a segurança alimentar de todos os países do mundo pelo ano 2050.
A conclusão foi defendida Nadia Scialabba, representante da FAO, que este ano comemora o Ano Internacional da Agricultura Familiar. A agricultura biológica poderá produzir alimentos suficientes para os cerca de 9,2 billiões de habitantes que se estima que o planeta venha a ter em 2050, mas isso implicaria algumas alterações nos hábitos de consumo, como a redução em 30% do consumo médio de carne nos países desenvolvidos e uma redução drástica do desperdício de alimentos, um maior ordenamento do território e a implementação de técnicas de cultivo mais eficientes e racionais. Nesta mudança de paradigma da produção alimentar, as estruturas agrícolas de caráter fundamental desempenham um papel fundamental. São estas pequenas explorações que poderão contribuir para a expansão global do modo de produção biológico, uma vez que são as estruturas de produção agrícola dominantes na maior parte dos países.
Em parte, estas conclusões vão já encontrando eco em vários países, empresas e encontros a nível mundial. No Salon international de l'Alimentation (Sial), que este domingo abriu as suas portas em Paris e que durartá até ao próximo dia 23 de outubro, as principais tendências que a organização destaca na edição deste ano são a «frugalidade» e o «faça você mesmo». De facto, cada vez mais os consumidores dos países desenvolvidos são sensíveis a formatos económicos e racionais dos bens alimentares que consomem, que reduzam o desperdício e moderem os consumos de bens alimentais para níveis mais salutares. Por outro lado, crece a tendência para a auto-produção. Pelo menos 43% dos franceses produz um ou mais alimentos (ervas, hortícolas, frutas) em sua casa para consumo próprio, por questões económicas (é mais barato que comprar numa superfície de retalho alimentar) e de saúde (controla melhor os produtos usados na sua produção e pode funcionar como atividade recreativa e terapêutica).
Para além das questões de sustentabilidade e segurança alimentar, a agricultura biológica tem também a seu favor o facto de melhor contribuir para a manutenção da biodiversidade e redução da poluição.
Por: Helder Marques
Fonte: Agronegocios.eu