publicado a: 2018-06-15

VIII Simpósio Nacional de Olivicultura reuniu 140 investigadores e técnicos

VIII Simpósio Nacional de Olivicultura | Mesa Redonda

Realizado a 7 e 8 de Junho, no CNEMA, em Santarém, e integrado na programação da Feira Nacional de Agricultura, o VIII Simpósio Nacional de Olivicultura levou o contributo do sistema científico e técnico à fileira do olival e azeite, imprescindível para uma melhor produção, mais produtividade e maior sustentabilidade, fazendo a ponte entre a investigação e os utilizadores do conhecimento.

«Foi seguramente um dos simpósios mais concorridos que tivemos até hoje, contou com cerca de uma centena de trabalhos apresentados, na forma oral e em painel, com quatro conferências plenárias e uma mesa redonda onde se fez a ligação entre o setor produtivo e as empresas que desenvolvem atividade na área, aspeto que consideramos da maior importância», afirma José Alberto Pereira, presidente da Associação Portuguesa de Horticultura (APH) e membro da comissão científica do simpósio. Juntaram-se à APH na organização do evento o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e a Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Santarém.

Na sessão de abertura, que decorreu em simultâneo com o World Olive Oil Summit, foi traçado o panorama da produção e consumo de azeite. Na última década, o consumo mundial de azeite ultrapassou a produção, situando-se atualmente em 3.000 milhões de toneladas. A procura crescente de azeite está a impulsionar o aumento da área de olival, só na campanha 2016/2017 foram plantados 162.000 hectares de novos olivais no mundo.

Portugal detém uma área de 356.183 hectares de olival (INE 2016) e é já o 4o maior exportador mundial de azeite. Na última década, as exportações de azeite renderam ao nosso país perto de 500 milhões de euros. Brasil, Espanha e Itália são os principais destinos do azeite português vendido no estrangeiro, maioritariamente a granel.

Olival tradicional pode ser rentável

«O olival tradicional tem uma palavra a dizer neste mundo acelerado», as palavras de Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), na sessão de abertura, foram secundadas por vários outros intervenientes, nomeadamente, o Secretário de Estado da Agricultura, Luís Medeiros Vieira, para quem «o olival tradicional responde à procura de azeites de qualidade diferenciada, e pode ser mais produtivo por via da aplicação das modernas tecnologias».

Demonstrou-se que melhorando as técnicas de produção e valorizando os azeites diferenciados de elevada qualidade, através de estratégias de marketing acertadas, existe espaço para este tipo de olival, que pode ser a base de um modelo empresarial rentável.

Especialista italiana aponta estratégias para conter doença do declínio rápido do olival

Entre os cerca de 100 trabalhos técnico-científicos apresentados no simpósio, destacamos a conferência plenária de Maria Saponari, investigadora do Instituto por la Protezione Sustenible delle Piante, em Itália, e uma das maiores especialistas mundiais no estudo de Xylella fastidiosa. Esta bactéria é responsável pela doença do declínio rápido do olival e já causou a morte de milhares de oliveiras em Itália. Entre as linhas de investigação do grupo de trabalho no projeto europeu XF-ACTORS que Saponari coordena, destaca-se a caracterização dos insetos presentes nas zonas de produção de olival, que poderão ser vetores desta doença e que por isso é crucial conhecer para controlar. E a avaliação do germoplasma da oliveira na sua resistência/tolerância à bactéria. O uso de “plantas sentinela” da espécie Poligola myrtifolia, para deteção precoce da presença da bactéria nos olivais, é outra abordagem em estudo pela investigadora italiana.

Comentários