publicado a: 2018-11-08

Web Summit: O futuro da agricultura passa pela Inteligência Artificial

"Segundo dados do Banco Mundial vamos precisar de mais 390 milhões de hectares agrícolas até 2030. Qualquer coisa como se tivéssemos uma área geográfica do tamanho da Índia e do Paquistão dedicados unicamente à produção agrícola. E não temos essa área disponível em lado nenhum do planeta», alertou Matt Barnard, CEO da Plenty, numa apresentação com o título: “Pode a agricultura de estufa alimentar o mundo?”. Para o responsável executivo da empresa americana a resposta à questão é afirmativa: «Conseguimos produzir entre 100 ou 400% mais durante um ano, ocupando a mesma área de terreno, do que o comparado com os métodos agrícolas comuns. E não haja ilusões: os alimentos que chegam hoje aos supermercados continuam a ter pesticidas. Podem ser melhores que no passado, mas ainda lá estão. Na Plenty não usamos pesticidas. O que dá mais sabor e mais longevidade aos alimentos. Aliás, produzimos alimentos que podem ficar semanas nas prateleiras». Ou seja, além de uma maior capacidade de produção, a empresa também garante maiores índices de aproveitamento das culturas ao dar-lhes maior resistência à exposição nas lojas.

O CEO da Plenty explicou que não existe grande mistério naquilo que a sua empresa consegue fazer. Trata-se, afinal, de uma consequência da evolução de várias tecnologias. E lá fez as analogias necessárias à explicação: «É a tecnologia que está a permitir que isto aconteça. Vejam o que se passa com as tecnologias de armazenamento e como isso permitiu à Google crescer (a redução de preço no armazenamento e as melhores tecnologias); o mesmo acontece com a Tesla e com as tecnologias que permitem hoje armazenar mais energia a preços mais baratos. Na Plenty o conceito é o mesmo. As lâmpadas LED que têm iodos mais capazes; a forma como a sensorização é hoje mais inteligente e mais barata; e, claro, adventos como os da Inteligência Artificial e do Big data que nos permitem ter, hoje, uma agricultura mais evoluída, mais inteligente.»

E o potencial de crescimento desta agricultura reside no facto de, segundo um estudo do McKinsey Institue, a Agricultura ser o setor com os menores índices de industrialização. A juntar a isso, existe uma relação direta entre a dieta seguida num país e os índices financeiros das pessoas que constituem essas sociedades – quanto menos se ganha (em dinheiro) mais a dieta é rica em calorias e com menos nutrientes e uma qualidade baixa de proteínas. E Barnard, acrescenta: «A Plenty atua em países desenvolvidos onde os agregados familiares têm mais dinheiro e outras preocupações com a alimentação. Num mercado como o norte-americano, as pessoas consumem diariamente apenas metade da quantidade de alimentos saudáveis que deviam. Ou seja, a Plenty diz ter aqui uma grande oportunidade de negócio.»

A sustentabilidade do planeta focada nos desafios à alimentação tem sido um dos temas mais frequentes na área Planet Tech, da Web Summit. Depois de lhe termos falado sobre carne produzida em laboratório, ficamos agora a conhecer uma empresa que consegue fazer em estufa melhor (produzindo na vertical) do que aquilo que é produzido seguindo processos tradicionais.

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