Produção de vinho diminui 20% este ano
Estima-se que a produção de vinho na campanha 2016/2017 atinja um volume de 5,6 milhões de hectolitros, o que se traduz numa diminuição de 20% relativamente à campanha 2015/2016, diz nota informativa do Instituto da Vinha e do Vinho.
O decréscimo global de produção, em relação à campanha anterior, é sustentado por todas as regiões vitivinícolas, à exceção da região do Algarve onde não se prevê variação.
É nas regiões de Lisboa, Trás-os-Montes, Douro e Açores, onde se antecipam as maiores quebras de produção, superiores a 25%, face à campanha anterior.
Análise das previsões de produção por região face à campanha 2015/2016
Na região do MINHO é esperada uma diminuição da produção de 10%, devido essencialmente aos ataques de míldio e ao desavinho e bagoinha na floração. A variação de produção não será uniforme na região existindo uma maior incidência de quebra nas áreas mais a sul. Verifica-se um atraso fenológico da videira de cerca de 10 a 12 dias.
Na região de TRÁS-OS-MONTES a previsão aponta para um decréscimo na produção de 30%, suportada pelas más condições climatéricas, que potenciaram o aparecimento de doenças criptogâmicas com destaque para o oídio, o míldio e a podridão negra. As temperaturas muito elevadas, sobretudo na terra quente Transmontana não foram favoráveis.
Na região do DOURO E PORTO perspetiva-se uma colheita de baixa produção (-27%) mas de qualidade muito boa. Os cachos não afetados pelas doenças, são grandes e apresentam um bom estado fitossanitário. Em unidades muito localizadas o míldio e granizo provocaram perdas totais das uvas influenciando o decréscimo da produção previsto.
Na região da BEIRA ATLÂNTICO prevê-se uma redução da produção em 10%. Os ataques sucessivos de míldio foram os principais responsáveis por esta quebra. As vinhas evidenciaram sintomas de “nó-curto”, enrolamento folear e ainda clorose férrica. No início de julho também focos de oídio foram observados. Quanto à qualidade das uvas perspetiva-se um ano normal na região. É expectável que a data de vindima esteja atrasada cerca de 15 dias em relação a 2015.
Na região TERRAS DO DÃO a previsão aponta para uma quebra de 25%. Devido ao frio e à precipitação, a floração foi tardia e decorreu de forma heterogénea, o que provocou algum desavinho. Após esta fase, a temperatura elevada aliada a uma boa reserva hídrica, permitiu um desenvolvimento rápido do bago compensando o atraso no ciclo. Os fortes ataques de míldio em alguns locais levaram a perdas significativas de produção. Se as condições climatéricas forem favoráveis até ao fim do ciclo, prevêem-se uvas de boa qualidade.
Na região TERRAS DA BEIRA prevê-se uma quebra na produção de 10%. Recentemente surgiram ataques de oídio em alguns locais. Também foram observados, focos de míldio tardio nalgumas castas, em zonas mais húmidas. Em consequência de uma primavera chuvosa as vinhas apresentam um bom desenvolvimento vegetativo, sem quaisquer sintomas de stress hídrico, com cachos bem formados. A qualidade das uvas, em geral, prevê-se boa.
Na região TERRAS DE CISTER espera-se uma diminuição de 5% na produção, influenciada por alguns ataques de míldio e oídio nas vinhas. A previsão aponta para uma produção dentro da média, normal para a região.
Na região do TEJO prevê-se um ano de menor produção (-15%). As chuvas na primavera aliadas às temperaturas amenas potenciaram o aparecimento de míldio. Na floração, o tempo chuvoso, levou a algum desavinho. A expetativa de uvas de boa qualidade é suportada pelas temperaturas altas que se têm registado, contribuindo para a redução da traça e da podridão.
Na região de LISBOA a floração e o vingamento foram afetados por fortes ataques de míldio e a ocorrência de desavinho, pelo que, relativamente ao ano anterior (ano de produção excecional), perspetiva-se uma acentuada quebra de produção (-40%). Na maior parte da região estima-se um atraso no ciclo vegetativo de cerca de 3 semanas. A qualidade promete ser boa.
Na região da PENÍNSULA DE SETÚBAL as vinhas apresentam um bom desenvolvimento vegetativo. O estado sanitário bem como o potencial qualitativo das uvas são bons a muito bons. Em alguns locais e em determinadas castas (sobretudo tintas), nota-se algum desavinho. Foram observados focos de míldio que influenciam a quebra de produção (-5%).
Na região do ALENTEJO prevê-se uma quebra na produção de 5%. No geral, as uvas apresentam um bom estado sanitário, com cachos bem formados no entanto os bagos apresentam dimensões ligeiramente inferiores ao habitual pelo que se prevê um menor rendimento, favorecendo contudo a qualidade. As chuvas em Abril e Maio repuseram a água no solo, ajudando ao vigor da videira, no entanto, provocaram infeções primárias de míldio.
Na região do ALGARVE prevê-se uma produção semelhante à campanha passada. O Inverno e Primavera caracterizaram-se por uma baixa pluviosidade e alguma humidade relativa, conduzindo a um bom desenvolvimento vegetativo. Ocorreram alguns focos de míldio, devido às chuvas tardias. Perspetiva-se uma produção de vinho de boa qualidade.
Na região da MADEIRA estima-se uma redução da produção na ordem dos 10%. Na generalidade as vinhas apresentam um bom estado fitossanitário. No cômputo geral, verifica-se um atraso dos estados fenológicos em 7 dias devido às condições climáticas verificadas no início do ciclo vegetativo, nomeadamente temperaturas elevadas para a época.
Na região dos AÇORES a previsão global é de uma quebra de 28%. O vento marítimo e salgado no período da floração e a ocorrência de longos períodos de chuva e humidade relativa próxima de 100%, provocaram desavinho, contribuindo para o decréscimo de produção. As videiras apresentam em geral um bom desenvolvimento vegetativo.