Redução da produtividade da pera e do kiwi e aumento da maçã, uva e pêssego
As previsões agrícolas, em 31 de agosto, apontam para uma redução muito significativa da produtividade da pera (-45%, face a 2014), em resultado de um mau vingamento dos frutos e de graves problemas fitossanitários. Também no kiwi se registaram dificuldades na polinização, originando um mau vingamento dos frutos, com calibres muito irregulares, e uma produtividade que deverá rondar as 8 toneladas por hectare. Em sentido contrário, estimam-se aumentos nos rendimentos unitários da maçã (+20%), da uva para vinho (+8%) e na produção de pêssego (+5%).
Nas culturas de primavera/verão prevêem-se aumentos na produtividade do tomate para a indústria, que deverá fixar- se nas 95 toneladas por hectare (+25%), e do arroz (+5%). O milho de regadio deverá registar uma redução de 5% no rendimento unitário. Na batata a situação é semelhante, com as reduções no regadio menores que as no sequeiro (-10% e -50%, respetivamente).
Falta de precipitação antecipa utilização de stocks forrageiros para alimentar efetivos animais
A gestão eficiente da água de rega tem permitido que, apesar da situação de seca meteorológica, os prados, pastagens e culturas forrageiras de regadio se encontrem com um aspeto vegetativo normal para a época. No entanto, nas instaladas em regime de sequeiro, as condições meteorológicas prejudicaram a produção de matéria comestível, com quebras que se estimam superiores a 20% na biomassa produzida (face a um ano normal). Nas explorações pecuárias de regimes mais intensivos, e por forma a assegurar o aporte nutricional adequado face à falta de alimento nas pastagens, os produtores têm optado pela utilização antecipada e acentuada de alimentos grosseiros conservados (que se destinavam aos períodos de maior carência, principalmente no inverno) em detrimento do aumento do consumo de rações industriais, consideradas com maior impacto nos custos de produção.
Campanha dos cereais de primavera/verão de regadio decorre com normalidade
As temperaturas amenas e as disponibilidades hídricas para rega permitiram que o desenvolvimento vegetativo do milho de regadio tenha decorrido sem problemas. O controlo químico dos ataques de broca-do-milho e de ácaros revelou-se eficaz, tal como eficaz foi também a utilização de variedades de milho tolerantes ao Cephalosporium maydis, fungo do solo que se instalou em algumas regiões da Lezíria do Tejo e que tem vindo a preocupar os produtores nas últimas campanhas. Prevê-se que a produtividade se situe em redor das 8,5 toneladas por hectare, valor próximo da média dos últimos cinco anos.
Quanto ao milho de sequeiro, a falta de precipitação no embandeiramento e na polinização, etapas fundamentais no desenvolvimento da cultura, teve um impacto significativo no rendimento unitário, que deverá ficar-se apenas pelas 1,8 toneladas por hectare, abaixo do registado em 2012, ano em que se verificou uma situação de seca semelhante.
As searas de arroz apresentam povoamentos homogéneos, com bom desenvolvimento vegetativo. As plantas encontram-se entre a fase de início do espigamento e a de enchimento do grão/acumulação de amido e, apesar de alguns problemas fitossanitários (periculária no Baixo Mondego e afídeos e lagartas desfolhadoras no Ribatejo) e da grande infestação de milhãs, espera-se um aumento de 5% na produtividade, face a 2014.
Rendimento do tomate para a indústria deverá voltar a ultrapassar as 90 toneladas por hectare
As condições climatéricas, nomeadamente o tempo seco e as temperaturas amenas, favoreceram a maturação dos frutos na cultura do tomate para a indústria e permitiram o normal progresso da colheita, com todas as unidades fabris em plena laboração e a rececionarem matéria-prima de elevada qualidade. Prevê-se um aumento significativo na produtividade, que deverá situar-se nas 95,0 toneladas por hectare.
No girassol, espera-se um rendimento unitário de 1,1 toneladas por hectare, um dos mais elevados das últimas três décadas.
Produtividade das peras com queda acentuada
Uma floração abundante, um vingamento regular e uma gestão criteriosa das regas permitiu garantir um aumento da produtividade nos pomares de maçã (+20%, face a 2014), cuja colheita está a decorrer com normalidade. Os calibres dos frutos são, na grande maioria, médios.
Com o início da colheita de pera, confirmaram-se os cenários de uma campanha muito difícil, com reduções de produtividade de 45% face à campanha anterior (-41%, face à média dos últimos cinco anos). As razões apontadas para a baixa produtividade são a falta de qualidade dos gomos florais (principalmente nos pomares com excesso de produção no ano anterior) e as condições meteorológicas adversas nos períodos da plena floração e vingamento. Estas circunstâncias, para além de terem conduzido à queda muito abundante de frutos logo após o seu vingamento, favoreceram o desenvolvimento da estenfiliose, doença que tem vindo gradualmente a ganhar preponderância nos pomares da região do Oeste, com um aumento significativo do inóculo residente (e, consequentemente, do risco de ocorrência de infeções).
Mais uma campanha difícil para o kiwi
A concentração dos pomares de kiwi (quase 3/4 da área de kiwi está instalada no Entre Douro e Minho) torna a produção global desta cultura muito dependente das condições climatéricas registadas nesta região. Apesar da campanha se ter iniciado favoravelmente, com uma rebentação abundante e homogénea, a ocorrência de fenómenos localizados de precipitação forte e vento intenso teve um impacto muito negativo na polinização, conduzindo a menos frutos vingados e com calibres menores. Este facto, associado aos estragos consideráveis causados pela PSA (Pseudomonas syringae pv. actinidiae), faz prever mais um ano de reduzida produtividade, ao nível do que sucedeu na campanha anterior (8 toneladas por hectare).
Amendoais mantêm bons níveis de produtividade
Apesar das condições climatéricas (nomeadamente a escassa precipitação) não terem sido as ideais para o desenvolvimento dos frutos nos amendoais, quase na sua totalidade de sequeiro, estima-se que a produtividade apenas sofra uma diminuição de 5%, face a 2014.
Início das vindimas confirma previsões de boa campanha vinícola
Confirmaram-se as previsões que apontavam para um adiantamento do ciclo cultural da vinha na generalidade das regiões, face a um ano normal, tendo-se já iniciado as vindimas das castas mais precoces. Os sinais de stress hídrico são cada vez mais evidentes, provocando algumas situações de estagnação da maturação dos bagos. Em termos gerais, prevê-se um aumento de 8% na produtividade alcançada, face à campanha anterior, existindo no entanto algumas regiões vitivinícolas que antecipam redução (Península de Setúbal, -10%) ou manutenção da produção (Tejo e Alentejo). A ausência de problemas fitossanitários e uma boa relação película/polpa (inferior à do ano passado, reflexo do menor conteúdo em água dos bagos) fazem prever uma produção de vinho de qualidade.
Na uva de mesa espera-se um aumento de produção de 10%, face a 2014.
Produção de batata diminui
Na batata de regadio, em final de ciclo e já com muitas áreas colhidas, as estimativas de produção confirmam o decréscimo face a 2014 (-10%), em resultado das diminuições da área plantada e da produtividade alcançada (com os ataques de míldio no Interior Norte e na Beira Litoral a condicionarem o rendimento alcançado nestas regiões). A qualidade é boa, com tubérculos de calibres uniformes.
Quanto à batata de sequeiro, a colheita já está concluída. A redução da produção foi muito mais acentuada (-50%) que na de regadio, devido à maior suscetibilidade às condições climatéricas, que nesta campanha foram muito adversas, nomeadamente com a ausência de chuva em praticamente todo o ciclo vegetativo da cultura.
Mais pêssego e de boa qualidade
Para as prunóideas, as condições climatéricas ocorridas nos períodos mais sensíveis do desenvolvimento/ crescimento foram muito favoráveis. No caso do pêssego, prevê-se um aumento da produção de 5%, face a 2014, quase toda de boa qualidade.